Menos dores e edemas após a lipoaspiração é o que promete um novo aparelho de ultrassom, cujo registro acaba de ser aprovado pela Anvisa e já está disponível no Brasil: o Vaser. Trata-se de um avanço numa técnica que já existe há cerca de 20 anos e que faz uso do ultrassom para derreter a gordura que será aspirada.
O cirurgião plástico Rodrigo Federico explicou que a sonda do ultrassom, semelhante à cânula da lipo, é introduzida no corpo do paciente, onde age diretamente na gordura. "Derrete as células da gordura, preservando a matriz celular, os vasos e os nervos. O trauma diminui porque não é preciso fazer tanta força na lipoaspiração para retirar a gordura, já que está líquida", afirmou.
Por reduzir a necessidade de remoção mecânica da gordura, diminui o sangramento durante a operação e a torna mais rápida, levando cerca de 20% menos tempo do que a convencional. A lipo ultrassônica busca maior rapidez e eficácia da sucção dos excessos, o que reduziria ainda a possibilidade de irregularidades no corpo.
Todos os cuidados de pós-operatório são semelhantes aos da lipoaspiração convencional em relação ao uso de malhas compressivas, não-exposição ao sol e pausa de atividades físicas por cerca de 30 dias. As contraindicações também são as mesmas para quem passa pela lipo tradicional, como gordura intra-abdominal, alergia ao líquido a ser usado no procedimento e doenças de base controladas, como anemia, diabetes e problemas cardíacos. "Antes de qualquer procedimento, o cirurgião plástico tem de pedir ao paciente para que passe por especialistas, como caridologistas", disse Federico.
O aparelho pode também colaborar no tratamento de suor excessivo. De acordo com Federico, ele atinge as glândulas das axilas por meio de um pequeno corte. "Nas aplicações já feitas, a sudorese melhorou de 60% a 70% e o resultado dura até dois anos, contra seis meses da toxina botulínica." Para esse tratamento, de acordo com o médico, o valor cobrado gira em torno de R$ 4 mil a R$ 5 mil.
De acordo com Federico, existem cinco aparelhos Vaser no Brasil: Florianópolis, Juiz de Fora, Santos, São José dos Campos e São Paulo. Como é portátil, o médico pode levar aos hospitais escolhidos pelo paciente para a realização da cirurgia. "O valor varia de acordo com a região a ser trabalhada e com os custos do hospital. Com o Vaser, os preços são similares aos da lipo comum", afirmou.
Treinamento
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica aponta que são feitas lipoaspirações com o auxílio de ultrassom desde a década de 1990 no Brasil, e que as vantagens são conhecidas, mas alguns cuidados devem ser observados. "Há risco de queimadura pela cânula e gordura retirada pelo ultrassom, além do que é importantíssimo um vasto treinamento do cirurgião para o manuseio adequado do equipamento", afirmou Sebastião Nelson Edy Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. A técnica com ultrassom foi criada no fim dos anos 1980 pelo italiano Michele Zocchi.
Avanços
Segundo Federico, o Vaser traz avanços que superam os riscos apontados. "O aparelho é a quarta geração de ultrassom e, como possui regulagem da potência, diminui risco de queimaduras, o que era frequente com os modelos antigos", afirmou.
Outro avanço diz respeito ao modo de funcionamento pulsátil, menos potente, que permite atuar em áreas mais delicadas com menos riscos, além de ter sondas mais finas e com diferentes ponteiras que se adaptam a tecidos macios e fibrosos, dando um melhor efeito com uso específico para cada região. "E o principal de tudo: ele é seletivo para as células de gordura, não atuando em vasos, nervos, músculos e outros tecidos. Portanto, age somente nas células de gordura evitando lesões em tecidos que não são o alvo da lipoaspiração."