Um sismógrafo caseiro instalado no antigo banheiro de uma residência no distrito de Barão Geraldo, em Campinas (SP), captou o violento terremoto de 8,9 graus de magnitude, seguido de tsunami, da madrugada de sexta-feira no Japão. A potência do tremor foi tão grande que danificou o fundo da escala, informou Rogério Marcon, proprietário do aparelho e professor do Instituto de Física da Unicamp.
Apesar do epicentro dos tremores na ilha japonesa ter ocorrido a 18 mil km de Campinas, o sismógrafo foi capaz de "sentir" os abalos com precisão. O equipamento foi projetado em 2008 e, desde então, já registrou dezenas de abalos sísmicos pelo mundo.
"Mas esse terremoto do Japão foi o mais impressionante", disse Marcon, que também é geológo e astrônomo. "Nunca tinha visto um desta magnitude", afirmou.
O especialista conta que acordou às 5h30 e estranhou a intensidade captada na papeleta do aparelho - com marcações das 3h30 em diante. "Foi então que liguei a TV e vi o noticiário", recordou.
Marcon explicou que o equipamento foi projetado para observar pequenas movimentações de rocha, mas surpreende ao captar tremores em regiões mais distantes. "Ontem (quinta feira) houve um abalo de 6,2 na Ilha de Bali", citou, como exemplo.
O primeiro registro do sismógrafo amador foi em abril de 2008 quando tremores de 5,2 graus na Escala Ritchter, ocorridos no Atlântico Sul, foram sentidos por moradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Até hoje, o equipamento registrou cerca de 60 pequenos abalos e outros de até 6 pontos de magnitude. Os mais recentes, com centenas de vítimas, foram os terremotos do Chile e Haiti.
O sismógrafo teve o custo de R$ 500. Mede 1 m de comprimento por meio metro de largura. É composto de um PC Pentiun 3 e uma interface para o aparelho conversor analógico. Este último, importado de uma empresa especializada, custou US$ 20.