Agência JB
RIO - O Instituto Nacional de Câncer (Inca) investe no aperfeiçoamento das campanhas governamentais sobre prevenção e tratamento do câncer. Para encontrar formas de comunicação mais diretas, o Inca realizou a pesquisa de opinião 'Concepção dos Brasileiros sobre Câncer', que ouviu 2.100 pessoas em todo o país. O resultado parcial do trabalho, feito em sete capitais, foi divulgado nesta sexta-feira como parte das comemorações dos 70 anos do Inca.
Os dados da pesquisa feita em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis, João Pessoa e Goiânia revelam que a maioria da população só identifica o fumo e a exposição excessiva ao sol como fatores causadores da doença, seguidos pelo consumo exagerado de bebida alcoólica. Porém, não relacionam como fatores de risco a falta de atividade física, que pode causar tumores nos intestinos; a alimentação inadequada, que pode afetar o estômago, e as relações sexuais sem o uso de preservativos, que podem causar tumores de colo de útero.
O diretor-geral do Incra, Luis Antonio Santini, classificou o resultado do trabalho como "fantástico" e disse que as campanhas de orientação já realizados estão no caminho certo, mas precisam de uma reorientação para se evitar o preconceito contra a doença e a relação entre morte e dor feita por 80% dos entrevistados.
- É preciso, primeiro, desmistificar pessoas que temem procurar um médico para fazer exame preventivo do câncer do colo do útero porque têm medo de encontrar a doença - defendeu.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que participou da comemoração do aniversário do Incra, também defendeu a expansão do trabalho de divulgação.
- Nós temos que trabalhar mais no sentido de que a informação seja a arma principal na luta contra o câncer - disse.
Segundo o ministro, para que as campanhas educativas tenham maior alcance é preciso incluir no esquema a participação de rádios comunitárias, o uso maior da internet, a colaboração das organizações não-governamentais e dos sindicatos.
A relação entre fumo e câncer foi identificada por 100% dos entrevistados em Florianópolis, Goiânia, Porto Alegre e João Pessoa. Segundo o Inca, 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo. A exposição ao sol também teve unanimidade em Porto Alegre e João Pessoa. O câncer de pele, segundo ainda o Inca, aflige 122.400 pessoas por ano. Já o consumo de álcool é associado à doença por 90,9% dos entrevistados, e Porto Alegre foi a capital que menos reconheceu a ligação, somente 66,7% identificaram a relação contra 33%.
Mesmo o fumo sendo reconhecido pela população como o maior causador de câncer, Lea Moreira da Silva, de 71 anos, fumava na porta Inca, enquanto aguardava o horário da consulta. Ela disse que deixou de fumar há 20 anos e conseguiu vencer um câncer no pescoço e volta periodicamente ao instituto para exames.
- Estou de alta, mas voltei a fumar porque minha filha ficou sabendo há três dias que está com câncer nos ossos. Eu tive um choque, não esperava essa. Mas vou deixar de fumar.
Cerca de 470 mil novos casos de câncer ocorrem por ano no país.
(Com informações da Agência Brasil)