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UE não cumprirá meta contra aquecimento global

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REUTERS

OSLO - A União Européia dificilmente conseguirá atingir o objetivo de manter o aumento nas temperaturas no máximo de 2°C, que é o limite a partir do qual as mudanças no clima passam a ser consideradas perigosas, disse nesta sexta-feira Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC).

- É muito, muito difícil limitá-lo abaixo dos 2° . Mas quem sabe? A raça humana tem capacidade para tomar atitudes - disse.

O IPCC divulgou no mês passado um relatório baseado no trabalho de 2.500 especialistas do mundo todo, atribuindo o aquecimento global aos gases-estufa e à queima de combustíveis fósseis. O relatório prevê que as temperaturas aumentarão em média entre 1,8° e 4°C só este século. Pachauri afirmou que as temperaturas já subiram 0,74° Celsius desde a Revolução Industrial, no século 19, e que podem continuar aumentando 0,1° por década se as emissões se mantiverem nos níveis atuais.

Uma proposta da Comissão Européia de janeiro, intitulada 'Limitando a Mudança no Clima Global a 2° C', sugeriu o corte de 20 por cento nas emissões da UE até 2020 ou até de 30 por cento se outros países industrializados se propuserem a adotá-lo. O ex-economista-chefe do Banco Mundial Nicholas Stern, que no ano passado divulgou um estudo dizendo que é mais barato agir agora para combater o aquecimento global que depois ter de sofrer as consequências, disse esta semana que a meta de 2 graus está 'quase fora de alcance'.

O indiano Pachauri afirmou que gostaria que o mundo chegasse a um consenso sobre o que define mudanças perigosas no clima. A Rio 92 estabeleceu a meta de evitar interferência prejudicial do homem no clima, mas não foi criada uma definição exata.

- A questão é: Perigoso para quem? Se olharmos para as regiões mais vulneráveis do mundo e perguntarmos lá o que é perigoso, eles dirão que já chegaram ao limite - os pequenos países insulares, regiões gravemente afetadas por secas e enchentes.

Ele citou o líder Mahatma Gandhi:

- Deve-se sempre olhar para o efeito de nossas ações nos mais despossuídos, no último dos homens, no menos favorecido. Pensando assim - disse Pachauri - o perigo já chegou.