EFE
MADRI - Mais de 10% do genoma de uma pessoa tem diferenças do de outras, segundo um estudo científico que poderia possibilitar a compreensão da predisposição a determinadas doenças e da resposta aos tratamentos médicos.
A variabilidade do genoma humano é dez vezes maior do que se pensava até agora, afirmou um dos responsáveis pela pesquisa, o espanhol Xavier Estivill, do Centro de Regulamento Genômico (CRG).
Segundo Estivill, depois do seqüenciamento do genoma humano, - este talvez seja o passo mais importante na área, já que se descobriu as regiões para as quais olhar em detalhe' para compreender aspectos fundamentais do genoma, que poderiam melhorar a luta contra as doenças.
A pesquisa, publicada no último número da revista Nature, foi realizada por um grupo de cientistas britânicos, japoneses, americanos, canadenses e espanhóis.
Até agora, acreditava-se que cada pessoa se diferenciava das outras em um milhão dos mais de três bilhões de nucleótidos que compõem o genoma humano.
No entanto, demonstrou-se que entre duas pessoas há mais de vinte milhões de nucleótidos de diferença, que se agrupam em pelo menos 1.400 regiões do genoma.
Estes aspectos são encontrados em indivíduos das áreas estudadas (asiática, africana e européia), mas há diferenças entre pessoas das mesmas populações, o que pode refletir diferentes predisposições às doenças.
A diferença entre um indivíduo e outro está no fato de que as regiões do genoma podem faltar ou estar duplicadas, variando o número de cópias. Aí poderia estar a chave para a compreensão de certas doenças, segundo os cientistas.
- Faltar uma região do genoma pode ser bom ou prejudicial, dependendo do caso, explicou Estivill. Como exemplo, o cientista explicou que o genoma humano seria - um quebra-cabeças, no qual é preciso colocar as peças, e algumas dão mais trabalho que outras porque se parecem muito entre si, e não sabemos exatamente onde colocá-las.
- O genoma humano é uma série de quebra-cabeças praticamente iguais, mas com ligeiras variações. É como se não existisse uma única figura final, mas diferentes possibilidades, variáveis de uma mesma imagem, explicou Estivill.
O cientista ressaltou que - é preciso ser capaz de interpretar muito bem cada peça e sua posição correta.
- Não há um genoma único de referência, mas há vários genomas e isso é algo sobre o que temos que trabalhar para conhecer detalhadamente como as diferentes formas do genoma humano se organizam nas regiões que mudam e são mais suscetíveis à variabilidade.
Acrescentou que são exatamente essas regiões - que darão informação certamente muito importante sobre como funcionam aspectos da biologia humana, fundamentais para a adaptação ao ambiente e que podem ter a chave sobre a suscetibilidade à doenças