CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Estudo: crianças incas escolhidas para sacrifícios ingeriram cocaína e ayahuasca

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Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 22/05/2022 às 11:24

Sarcófagos achados dentro de tumba no Planalto de Gizé, a sudeste do Cairo, Egito; 4 de maio de 2019 Foto: Mahmoud Khaled

Por mais de 500 anos, restos mumificados de três crianças congeladas no topo de um vulcão no sul do Peru mantiveram um registro secreto de seus últimos dias.

Plantas alucinógenas e estimulantes psicotrópicos desempenharam um papel importante nas crenças, rituais e práticas de adivinhação nos antigos Andes.

Desde a descoberta de três múmias na década de 1990, pesquisadores têm se esforçado para desvendar o passado das crianças.

A capacocha foi uma das cerimônias mais significativas realizadas no Império Inca. Durante o ritual, os incas sacrificavam crianças e mulheres jovens que deveriam ser bonitas e imaculadas.

Os restos dos corpos das crianças de 6 ou 7 anos encontrados no vulcão Ampato, nos Andes, em 1995, foram submetidos a um rigoroso exame bioarqueológico.

Um recente estudo publicado no Journal of Archaeological Science acrescentou novos detalhes sobre como era a vida dessas crianças há 500 anos a partir de vestígios de material de cabelo e unhas.

Foi possível registrar que altas doses de diversas substâncias psicodélicas foram ingeridas. Os cientistas encontraram evidências de uso de drogas, apontando especificamente para o uso de folhas de coca e álcool.

Em alguns casos, as crianças foram encontradas com as folhas ainda na boca, com sinais de tê-las consumido com álcool em grande quantidade momentos antes de sua morte.

A descoberta recente aponta uso de metabólitos associados ao consumo de uma bebida psicodélica feita de ayahuasca (Banisteriopsis caapi), um "sinal altamente indicativo de um ritual destinado a acalmar ao invés de estimular".

Os pesquisadores usaram espectrometria de massa para identificar a presença de alcaloides e metabólitos de coca, bem como harmalina e harmina nas unhas de duas múmias Ampato.

Harmalina e harmina são usualmente misturadas com outros materiais para criar uma bebida que induz vômito, diarreia e alucinações vívidas e intensas.

Segundo os pesquisadores, entretanto, o consumo da ayahuasca não tinha como objetivo produzir visões fortes, mas simplesmente reduzir a depressão e a ansiedade.

"Os incas podem ter usado conscientemente as propriedades antidepressivas da Banisteriopsis caapi para reduzir a ansiedade e os estados depressivos das vítimas", conclui a publicação. (com agência Sputnik Brasil)

 

 

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