CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rover chinês descobre misteriosas esferas de vidro no outro lado da Lua

A missão chinesa Yutu-2 fez outra descoberta fascinante no lado oculto da Lua. Brilhando em meio à poeira cinzenta e seca, a câmera panorâmica do rover captou duas pequenas esferas intactas de vidro translúcido

Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 23/02/2022 às 13:09

Alterado em 23/02/2022 às 13:09

De acordo com a Nasa, durante o dia lunar, a temperatura na superfície da Lua pode atingir 214 graus Celsius Foto: Nasa / Vladimir Vustyansky

Segundo estudo publicado na Science Bulletin, as esferas de vidro podem registrar informações sobre a história da Lua, incluindo a composição de seu manto e eventos de impacto.

Vidro não é um material incomum na Lua. Ele se forma quando o silicato é submetido a altas temperaturas, o que pode ter acontecido no passado, quando o satélite terrestre ainda era um ambiente vulcânico, ou com o impacto de meteoritos, capazes de gerar calor intenso.

A equipe de cientistas, liderada pelo geólogo planetário da Universidade Sun Yat-sen e da Academia Chinesa de Ciências Zhiyong Xiao, acredita que o impacto de meteoritos esteja por trás das esférulas observadas pelo Yutu-2, mas sua origem ainda é incerta. Existem inúmeras esférulas na Lua, mas em geral elas tendem a ter menos de um milímetro de tamanho.

As esférulas recém-identificadas pelo Yutu-2 são muito maiores, com 15 a 25 milímetros de diâmetro, mas o que as torna únicas é que essas esférulas parecem ser translúcidas ou semitransparentes e têm um brilho vítreo. Além das duas que parecem translúcidas, a equipe encontrou mais quatro esférulas com brilho semelhante, mas sua translucidez não pôde ser confirmada.

Essas esférulas foram encontradas perto de crateras de impacto recentes, o que pode sugerir que elas se formaram durante impactos de meteoritos lunares, embora seja possível que já estivessem presentes, enterradas abaixo da superfície e tenham sido trazidas à tona pela força dos impactos.

No entanto, a equipe acredita que a explicação mais provável é que elas se formaram a partir de vidro vulcânico chamado anortosita que derreteu novamente com o impacto, transformando-se em globos redondos translúcidos.

"Coletivamente, a morfologia peculiar, geometria e contexto local dos glóbulos de vidro são consistentes com vidros de impacto anortosíticos", escreveram os pesquisadores.

Isso poderia tornar os objetos o equivalente lunar de formações terrestres chamadas tectitas – objetos vítreos do tamanho de seixos que se formam quando o material da Terra derrete, pulveriza no ar e endurece e se transforma em uma bola à medida que cai de volta. (com agência Sputnik Brasil)

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