CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Com participação do Brasil, começa produção do 6º espelho do Telescópio Gigante Magalhães

O Telescópio Gigante Magalhães (GMT) acaba de anunciar a fabricação do sexto dos sete maiores espelhos monolíticos do mundo. Eles permitirão que astrônomos enxerguem o Universo ainda mais detalhado

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 09/03/2021 às 10:55

Alterado em 09/03/2021 às 10:55

O Telescópio VLT, no Observatório do Paranal, deserto do Atacama, no Chile. A instrumentação do VLT foi adaptada para conduzir uma busca por planetas no sistema Alpha Centauri ESO / A. Ghizzi Panizza

Medindo 8,4 metros (m) de diâmetro, o espelho está sendo produzido no Laboratório de Espelhos Richard F. Caris da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

Segundo informações do Jornal da USP, quando o GMT estiver operando em sua capacidade máxima, o espelho primário (formado por sete segmentos) terá uma área coletora total de 368 metros quadrados (m2) — suficiente para enxergar a face de uma moeda de 10 centavos de real, que mede 2 centímetros, a aproximadamente 360 quilômetros (km) de distância.

Tal poder de resolução será dez vezes maior do que o famoso Telescópio Espacial Hubble e quatro vezes maior do que o aguardado Telescópio Espacial James Webb, com lançamento previsto para o fim de 2021.

Vale lembrar que o GMT é fruto de um consórcio internacional de universidades e instituições científicas de ponta. O Brasil é um dos sócios fundadores do consórcio, por meio de financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que está investindo 40 milhões de dólares, equivalente a 4% do tempo de operação anual do telescópio.

O espelho mais avançado

O GMT terá um monolítico que possibilita uma visão mais ampla e detalhada do Universo. Seu processo de produção envolve fundir quase 20 toneladas de vidro borossilicato (chamado de vidro E6) — que possui alta pureza e um baixo coeficiente de dilatação — no único forno rotativo existente no mundo para a produção de espelhos gigantes para telescópios.

No auge do processo de fusão, o forno gira cinco vezes por minuto, aquecendo o vidro a 1.165 graus Celsius por aproximadamente cinco horas, até que ele esteja liquefeito no molde. O ponto mais alto da temperatura é chamado de "alto fogo" e foi alcançado no dia 6 de março.

Depois, inicia-se o processo de um mês para recozimento, no qual o vidro é resfriado enquanto o forno gira a uma velocidade menor para evitar tensões residuais e endurecer o material. Demora outro mês e meio para o vidro atingir a temperatura ambiente. Esse processo de fundição em rotação dá ao espelho o seu formato parabólico especial.

Após resfriar, o espelho será polido por dois anos, até que a superfície atinja a precisão óptica de um milésimo da espessura de um fio de cabelo humano, ou cinco vezes menor do que uma partícula de coronavírus.

No final desta década, os espelhos gigantes serão transportados por mais de 8.100 km até o futuro lar do GMT, no Observatório de Las Campanas, no deserto do Atacama (Chile), a mais de 2.500 metros acima do nível do mar.

Os espelhos também são uma parte crucial do design óptico que permitirá ao GMT ter o maior campo de visão entre todos os telescópios extremamente grandes (ELT) na classe dos 30 metros. Esse design óptico único tornará o GMT o mais opticamente eficiente dos ELT, quando consideramos o uso de cada fóton de luz que os espelhos coletam. (com agência Sputnik Brasil)