CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Descoberta planta medicinal que interfere na replicação do coronavírus

Cientistas norte-americanos provaram que extrato de Artemisia annua impede replicação do coronavírus Sars-Cov-2 em condições laboratoriais

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 13/01/2021 às 11:28

Alterado em 13/01/2021 às 11:28

Artemisia annua Foto: Krzysztof Ziarnek

Pesquisadores da Universidade Columbia de Nova York, da Universidade de Washington e do Instituto Politécnico de Worcester, EUA, provaram que extrato fluido quente das folhas de Artemisia annua tem atividade antiviral contra o Sars-Cov-2, de acordo com o estudo publicado no banco de dados bioRxiv.

Os pesquisadores estudaram a atividade de extratos de sete espécies de Artemisia annua de quatro continentes contra o vírus Sars-Cov-2, reproduzido em cultura de células Vero E6.

Todos os extratos demostraram sua atividade contra o Sars-Cov-2, embora uma das amostras estivesse guardada desde 2008. Isso significa que a substância ativa está em todas as espécies de Artemisia annua e este componente é preservado durante duradouro e seco armazenamento à temperatura ambiente.

Os pesquisadores avaliaram a correlação da eficácia do extrato fluido quente da Artemisia com folhas que possuem artemisinina e outros flavonoides. A atividade antiviral do extrato não depende de artemisinina e outros flavonoides, mas está ligada à amodiaquina, a substância usada para tratamento da malária que Artemisia annua também contém.

"Os resultados mostram que o componente ativo em extrato não é, provavelmente, artemisinina, mas qualquer outro ou é uma combinação de componentes que atuam sinergicamente para bloquear a infecção viral depois de invasão", segundo diretora do estudo do Departamento de Biologia e Biotecnologia do Instituto Politécnico de Worcester, Pamela Weathers.

As substâncias da Artemisia suprimem a replicação do vírus Sars-Cov-2 depois de sua invasão na célula, dado que os experimentos mostraram que extratos da Artemisia possuem atividade antiviral mínima contra pseudovírus laboratoriais que contêm proteínas S do Sars-Cov-2, usadas pelo vírus para se ligar e invadir as células, conforme estudo.

"É o primeiro relatório sobre eficácia de extratos fluidos quentes da Artemisia contra o Sars-Cov-2. As pesquisas seguintes determinarão a eficácia in vivo para entender se é possível criar na base de Artemisia annua um medicamento para tratamento da covid-19", informou Weathers.

Os pesquisadores esperam que, se os testes clínicos seguintes tiverem sucesso, pó em cápsulas de folhas secas da Artemisia seria um medicamento barato e seguro contra o novo coronavírus e poderia ser usado em lugares onde é difícil organizar vacinação. (com agência Sputnik Brasil)