GENTE
Mauro Cezar Pereira: 'O meu time é o jornalismo'
Por CAL GOMES
Publicado em 05/06/2025 às 22:03
Alterado em 05/06/2025 às 22:30

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Uma das minhas cenas preferidas e, talvez, a mais emocionante de “O primeiro homem”, ótimo longa-metragem que narra a epopeia de Neil Armstrong para chegar à Lua – dirigido por Damien Chazelle e lançado em 2018 – é a sequência, quase no final, em que o astronauta, interpretado magistralmente pelo ator Ryan Gosling, após pisar no solo lunar, lança, na escuridão de uma cratera, a pequena pulseira que pertencia a Karen, sua filha, que perdeu a vida com apenas dois anos, vítima de um tumor.
As lembranças do filme e da cena surgiram imediatamente no final da decisão da Champions League, ocorrida no último sábado, entre Paris Saint-Germain e Internazionale, em Munique, Alemanha. No gramado do Allianz Arena, enquanto os jogadores comemoravam efusivamente o título inédito para o clube francês, após a vitória esmagadora por 5 x 0 sobre os italianos, outro personagem importante dessa decisão se destacava: o treinador espanhol do PSG, Luis Enrique, vestindo uma camiseta de malha com um desenho simbólico, estilizado, de sua filha Xana segurando uma bandeira, reproduzindo a cena que ela havia protagonizado anos antes, no primeiro título da Champions do pai comandando o Barcelona. Como o astronauta americano, Luis também perdeu sua filha precocemente, aos nove anos, também para um tumor; e, como Neil, ele a homenageou emocionado, só que aqui mesmo na Terra, no gramado de um campo de futebol.
Cobrindo sua sétima final da competição – a mais importante dos clubes europeus –, assistia a tudo isso lá de cima, em um dos setores reservados à imprensa, Mauro Cezar Pereira, niteroiense de 61 anos, residente em São Paulo, do alto das suas quatro décadas dedicadas ao jornalismo. Tendo passado por grandes veículos da imprensa, Mauro Cezar certamente deve ter se sentido recompensado novamente por conferir de perto mais um capítulo glorioso da história do futebol, esporte ao qual, aliás, se refere, em momentos especiais, como “a maior invenção do homem”.
Às vésperas de embarcar para a Alemanha, Mauro conversou com o JORNAL DO BRASIL e nos falou a respeito de alguns assuntos "espinhosos", sobre os quais ele nunca deixou de se posicionar, muitas vezes com opiniões e visões que o colocam bem distante dos comentários evasivos e do lugar comum que permeia os debates esportivos.
Mauro Cezar na final da Champions League, 2023, em Istambul, Turquia Foto: divulgação
JORNAL DO BRASIL - Antes de ter se tornado um profissional da imprensa esportiva, você foi um torcedor que, como muitos outros de sua geração, das décadas de 1970 e 1980, consumia a mídia daqueles anos sem as tecnologias atuais, que envolvem, principalmente, internet, TVs por assinatura e streaming. Comparando aquela geração com a atual, em uma visão pessoal e profissional, quais as vantagens e desvantagens que você enxerga por ter sido e ainda ser um consumidor ativo?
Mauro Cezar Pereira - A única vantagem do passado é a nossa memória afetiva. Ter notícias de times de São Paulo morando no Rio de Janeiro era difícil, imagine do futebol argentino ou europeu. Hoje a informação circula livre e facilmente, só continua alienado quem quer.
Você passou por várias editorias, de vários veículos, como jornal, revista, rádio e TV, e continua muito atuante nesses segmentos, mas, de alguns anos para cá, tornou-se dono dos seus próprios espaços, que são os seus perfis pessoais e profissionais nas redes sociais e o seu canal no Youtube, sem o comando de terceiros. Essa liberdade permitiu que os seus posicionamentos, comentários e informações tivessem maior abrangência e te permitiu conceder mais espaços para o seu clube de coração, que é o Flamengo. O que te fez, especificamente, ir por esse caminho?
Sempre disse que é irrelevante para quem acompanha o meu trabalho saber o time pelo qual torço. O motivo: se o sujeito acha que faço comentários afetados pelo coração, nem deveria me acompanhar. O desafio de quem trabalha com futebol é separar as coisas. De que maneira? Dando a informação, seja ela positiva ou negativa para o clube de coração, fazendo os comentários críticos, duros, quando pertinentes, independentemente de ser sobre o time pelo qual você torce, ou não. Faço isso desde sempre. Era assim quando trabalhava nos jornais do Rio, quando escrevi meus primeiros artigos de opinião, e continuo da mesma maneira. Isso não mudou, segue igualzinho. Houve um momento em que as pessoas ficaram sabendo meu time, o que aconteceu lá em 2016 quando fui a um jogo do Flamengo e me viram na arquibancada. Uma bobagem, pois isso obviamente não prova nada, e o fato de alguém ir a um jogo não significa que torça por aquele time. Mas houve um frenesi e eu disse publicamente: sou rubro-negro, e daí? Consequentemente, sabendo que sou Flamengo, sempre haverá quem deteste o clube e tentará distorcer qualquer opinião que emita, como se fosse uma defesa do time ou algo do gênero. Mas isso é tão burro, mas tão burro, que só pode ser assim interpretado por pessoas intelectualmente muito limitadas ou que não prestam atenção no que falo. De qualquer maneira, não trabalho pensando nessa turma. Não faria sentido pensar em ter como alvo do meu trabalho alguém que manteve por muito tempo um fetiche: saber o time do jornalista, mas que passa a detestar o profissional porque não torce pelo time dele, ao mesmo tempo em que admira profundamente um outro profissional por torcer por seu clube. Esses bobos eu desprezo.
'É irrelevante para quem acompanha o meu trabalho saber o time pelo qual torço'
Essa tem sido, de uns anos para cá, uma tendência que está colocando o profissional da imprensa esportiva mais exposto. Principalmente nesses novos espaços de informação e opinião que são as redes sociais. Como você acha que esse jornalista/torcedor deveria impor os seus próprios limites?
Posso falar por mim. Quem me acompanha sabe: quem senta na cadeira de presidente do Flamengo não está livre das minhas críticas, pelo contrário. Quem treina o time do Flamengo não está livre das minhas críticas, pelo contrário. Quem joga pelo Flamengo não está livre das minhas críticas, pelo contrário. Torcedores do Flamengo, dependendo do que fizerem, não estão livres das minhas críticas, pelo contrário. Eventualmente, alguns rubro-negros cobram que eu defenda o Flamengo nos meus espaços. Sou jornalista, não advogado, não defendo nem ataco, apenas dou informação e opinião, sem ofender, e procurando ser o mais correto possível, buscando a verdade e o equilíbrio nas minhas análises. Posso errar, como qualquer outro. Mas o meu time é o jornalismo, o Flamengo não é prioridade. Alguém dirá, “mas você fala muito mais do Flamengo no seu canal”. Sim, se a Globo, maior empresa de comunicação do Brasil, busca audiência, por que o canal de um jornalista no YouTube não fará o mesmo? Aquilo não é um hobby, é trabalho. Tem que dar retorno, fazer sentido. Como já expliquei, em dado momento as pessoas passaram a saber o meu time, automaticamente o número de seguidores nas redes sociais e inscritos no meu canal no YouTube que torcem pelo Flamengo cresceu muito. A minha demanda no YouTube envolve o Flamengo, apenas entrego aquilo que as pessoas que me acompanham querem, análises e informações sobre o time, prioritariamente. Mas falo sobre todos os demais clubes e assuntos nas empresas para as quais trabalho, todos os dias.
E você vem, constantemente, tocando no assunto da tragédia que envolveu as mortes dos garotos da base do Flamengo, ocorrida no Centro de Treinamento do clube, em 2019, em um incêndio; pedindo punição para os responsáveis e que as famílias das vítimas fossem melhor "recompensadas" financeiramente.
Cobro justiça. As indenizações foram pagas, o tratamento dado às famílias passou muito longe do que deveria ser, mas uma tragédia dessas não se devolve com dinheiro, que apenas busca viabilizar a sequência das vidas dos familiares, devastados e marcados para sempre por uma dor inimaginável. O que se pede é punição aos responsáveis. Que sejam identificados e punidos pelas leis brasileiras. Mas a justiça brasileira ainda não fez justiça.
Excluindo os anos em que ainda não tinha se tornado jornalista esportivo, sua ligação, como torcedor, com a Seleção Brasileira de futebol, como você gosta sempre de afirmar, é "zero". Quais os motivos que te fizeram não ter mais essa ligação passional, afetiva, emocional, com a Seleção?
Torci pela seleção brasileira até a Copa de 1986. Na de 1990, estava mais preocupado em fechar páginas de jornal. Eu era editor no "Jornal dos Sports", tinha muitas preocupações além do desempenho da seleção brasileira, que naquela altura só me interessava profissionalmente. Algumas pessoas acham que torço pela Argentina, mas eu não torço por seleção alguma, para mim futebol é clube. A Copa do Mundo é muito legal, realmente vale a pena, mas fora isso... Eventualmente uma ou outra partida, uma ou outra competição pode ser interessante, mas a maior parte do tempo os jogos entre seleções não têm tanto apelo. Isso vale para os europeus também. Não tenho apego a seleção alguma, e torço, sim, pelo Racing na Argentina, mas isso não me faz um torcedor da seleção campeã do mundo. Posso torcer por um time durante a Copa momentaneamente, como me vi torcendo pelo Marrocos durante o Mundial do Qatar, no estádio, cercado por marroquinos. Mas isso não fez de mim torcedor da seleção de Marrocos. Em determinado momento torci por eles. E só. Simples assim. Eu torço é pelo Clube de Regatas do Flamengo e pelo Racing Club de Avellaneda.
'Algumas pessoas acham que torço pela Argentina, mas eu não torço por seleção alguma, para mim futebol é clube'
Desde a saída do presidente Giulite Coutinho do comando da CBF, em 1986 – que, aliás, é uma unanimidade, principalmente quando se referem à honestidade do dirigente –, todos que passaram pela presidência da entidade se envolveram ou estão envolvidos em atitudes suspeitas ligadas a corrupção. Mesmo sabendo que a CBF é uma associação privada, o que você acredita que deveria ser feito para que, de uma vez por todas, essas pessoas sejam impedidas de assumir o cargo?
Só com a intervenção do Ministério Público, de autoridades realmente interessadas em mudar esse cenário. Mas o Brasil tem outras prioridades e a coisa vai sendo empurrada com a barriga, me parece. Essa história de CBF como instituição privada não dá para engolir. Primeiro porque o futebol faz parte do patrimônio cultural do brasileiro, é algo do nosso país, como também é da Argentina, por exemplo. Quando as pessoas pensam em Brasil, logo associam a futebol, Pelé e outros craques, ou seja, futebol e Brasil, juntos, significam uma grande associação. Tal entidade também utiliza as cores nacionais, o hino do país e a bandeira brasileira. Que história é essa de "empresa privada"? Aliás, a imprensa esportiva brasileira engole essa versão com muita facilidade, nada surpreendente ante a passividade da maioria diante de temas ácidos, mais obrigatórios.
'Essa história de CBF como instituição privada não dá para engolir. Utiliza as cores nacionais, o hino do país e a bandeira brasileira. Que história é essa de empresa privada?'
Como analisa a chegada do italiano Carlo Ancelotti para ser o novo treinador da Seleção?
É uma tentativa necessária. O nível dos técnicos de futebol brasileiros é baixo, os últimos que passaram pela seleção não foram bem, então é hora de tentar algo diferente. Não sei se vai dar certo, mas a tentativa não só é válida como acontece com um grande atraso.
O nível sempre foi baixo ou é só uma má fase que a categoria está passando?
O nível é baixo, e antes da chegada dos estrangeiros eles navegavam em águas tranquilas porque não havia parâmetro. Quando Jorge Jesus passou por aqui e varreu geral, a perspectiva geral mudou, as pessoas viram que é possível fazer muito mais. Acabou a zona de conforto dos “professores”. E gente boa e qualificada não costuma ter muito espaço porque treinadores sem “casca” não funcionam como escudo para dirigentes.
[chegada de Ancelotti] 'Não sei se vai dar certo, mas a tentativa não só é válida como acontece com um grande atraso'
Quando trabalhava na ESPN você esteve por trás de uma série de reportagens sobre grupos de torcedores violentos da Inglaterra, os famosos hooligans. E recebeu, através dessa produção, mais informações sobre o perfil deles e de suas atividades que assustaram, durante anos, o futebol inglês e europeu. Você é um defensor da existência e da importância da participação das torcidas organizadas aqui do Brasil, sendo que, muitas delas, também são violentas e vivem à margem da justiça. Quais as diferenças que apontaria daquelas inglesas com as daqui?
Na verdade fiz a apresentação de uma série inglesa muito boa chamada “The Real Football Factories”, com o ator Danny Dyer. Ele mostra o comportamento dos hooligans na Inglaterra, Escócia e pela Europa, chegando também a Brasil e Argentina para explorar a subcultura hooligan e os costumes dos torcedores organizados pelo mundo. Sou totalmente favorável à festa no futebol, por mim isso nunca deveria mudar, times entrando em campo recebidos com grande celebração pelos torcedores, nada de equipes entrando em campo juntas, ao mesmo tempo. Nada de musiquinha tema de competição sendo executada antes de a bola rolar. Se dependesse de mim, tudo seria à moda antiga. E as torcidas organizadas, barras bravas, ultras, são fundamentais para essa festa. Claro, existe a violência, que deveria ser combatida, mas sem punir a festa nos estádios, como se faz há algum tempo, especial aqui no Brasil. São os coveiros do futebol.
A violência entre torcedores é um fenômeno mundial, acontece no Brasil e, por exemplo, na Holanda, onde não há crianças pelas ruas, pessoas na miséria e todo mundo fala, pelo menos, dois idiomas. O ser humano é violento e a partir do momento em que existe o oponente do outro lado, a tendência pode ser o confronto. Evidentemente as organizações com viés criminoso, os agrupamentos com intuito de promover ações violentas, algumas extremamente violentas, devem ser combatidas de acordo com a lei. Mas a festa deveria ser preservada. É separar o joio do trigo, livrar as torcidas daqueles que buscam apenas briga e fazem covardias, mantendo quem se preocupa em apoiar o time e fazer bonito nas arquibancadas. É possível festa na arquibancada sem violência. Então, que ela seja preservada e a violência combatida, com punição às pessoas, ao CPF, não ao CNPJ da torcida organizada. Isso não adianta nada.
'As torcidas organizadas, barras bravas, ultras, são fundamentais'
Você é um duro crítico do afastamento dos torcedores das camadas mais populares que vem acontecendo em alguns estádios aqui do Brasil. Principalmente esses novos, modernos, denominados "Arenas". Muito também motivado pelos preços elevados dos ingressos. Em alguns dos seus comentários incisivos sobre o tema, dá a entender que, em sua visão, esse afastamento é friamente calculado, manipulado, e não só por causa de questões financeiras/econômicas. Existe mesmo uma motivação, um movimento "disfarçado" para que um certo perfil dos torcedores, o das classes com menos poder aquisitivo, deixe de comparecer aos estádios?
A elitização é abjeta. Não tem cabimento o Flamengo realizar um jogo de baixo interesse do público com 25.000 pessoas no Maracanã. Se o sócio torcedor não está muito a fim de ir a essa partida, se a demanda será menor, então que se cobre o preço mais baixo possível pelo ingresso e sejam colocadas 60.000, 70.000 pessoas no estádio. Casa cheia, sempre. Até porque a renda sempre será maior com mais pessoas pagando menos do que com menos pessoas pagando mais. É matemático, já foi provado. Sem falar naquilo que será deixado nos bares, no estacionamento, nas lojas etc. Mais gente presente significa mais dinheiro ficando por lá. Contudo, muitos dirigentes preferem uma cadeira vazia a um pobre nela sentado.
Você também tem uma posição bem definida sobre essa polêmica que envolve a utilização dos gramados sintéticos em alguns estádios brasileiros...
Gramados sintéticos são autorizados pela Fifa desde que permitam condições mínimas de jogo, algo razoável que viabiliza times sem condições financeiras para a manutenção de um bom campo de grama natural, mais caro, e em lugares de clima muito frio, gélido, por exemplo. Mas no futebol de nível profissional, a única liga minimamente relevante que tinha esse tipo de piso era a da Holanda, que o está banindo. Por que a Fifa não faz a Copa do Mundo em piso sintético? E a Uefa na Champions League e Euro? Vai ter piso artificial na Copa do Mundo de Clubes, nos Estados Unidos? E na Premier Legue? Isso, a meu ver, encerra a discussão. Óbvio que não deveria ser adotado pelos times de primeira e segunda divisões do futebol brasileiro.
Outro tema recorrente nos seus comentários, sempre críticos e veementes, é o que se refere às SAFs (Sociedade Anônima do Futebol), principalmente as implantadas aqui do Brasil. Você acredita que o clube que decidiu optar por uma SAF, como o Vasco da Gama, por exemplo, que teve problemas muito graves envolvendo o grupo americano 777 Partners, devia ter buscado outras soluções antes de vender a parte que comanda o seu futebol?
O problema das SAFs no Brasil é que muitos veem a transformação do clube em sociedade anônima como solução garantida, o que não é. O exemplo do Vasco deixa isso bem claro. As dúvidas quanto ao futuro do Botafogo também. Há ainda o Coritiba, entre outros times que foram vendidos e seguem fracassando, decepcionando seus torcedores. No caso do Vasco não havia aparentemente outra opção, mas o time poderia ter sido vendido para um investidor mais, digamos, confiável. Não sei o que será do clube. E isso é péssimo para o futebol carioca e brasileiro.
[SAFs] 'O exemplo do Vasco deixa isso bem claro. As dúvidas quanto ao futuro do Botafogo também'
Cite três partidas de futebol inesquecíveis para você:
Flamengo 1x0 Vasco, 3/12/1978; Racing 1x0 Godoy Cruz, 14/11/2014; Flamengo 2x1 River Plate, 23/11/2019. Poderia incluir Flamengo 3x1 Atlético Mineiro, na final do Brasileirão de 1980 e Argentina x França, na final da Copa do Mundo de 2022. Citei apenas jogos nos quais estava presente
Qual a sua seleção do Flamengo formada só por jogadores que viu jogar?
Raul, Leandro, Aldair, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio, Zico e Arrascaeta; Bruno Henrique e Nunes.
E de jogadores dos times cariocas...
Wendell, Toninho, Mauro Galvão, Edinho e Marinho; Pintinho, Rivelino e Paulo César Caju; Renato, Roberto Dinamite e Romário.
* Principais veículos onde o jornalista trabalhou e trabalha desde o início da sua carreira: Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, O Globo, O Dia, Estadão, Valor Econômico, Placar, Revista Forbes, Rádio Tupi, Sistema Globo de Rádio, ESPN, Portal Terra e, atualmente, no UOL, TV Cultura, Jovem Pan Esportes, Canal GOAT, Canal S1 Live.