CINEMA

Crítica - ‘Saudosa maloca’: músicas em forma de filme

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO
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Publicado em 28/03/2024 às 13:11

Alterado em 28/03/2024 às 13:14

O filme, que não é uma biografia de Adoniran Barbosa, é centrado no trio Adoniran, Mato Grosso e Joca, que moram na querida 'maloca' Foto: divulgação

Uma das músicas mais famosas e queridas de Adoniran Barbosa se transformou em filme. Dirigido por Pedro Serrano, ‘Saudosa maloca’ já está em cartaz em várias capitais do país. O filme narra a história de Mato Grosso (Gero Camilo) e Joca (Gustavo Machado), contada pelo próprio Adoniran (Paulo Miklos, dos Titãs). O universo de Adoniran não é novidade para o diretor que, em 2015, lançou o curta “Dá licença de contar”, que já trazia o trio central no elenco fazendo os mesmos personagens e, em 2020, lançou o documentário “Adoniran, meu nome é João Rubinato’. Agora, com o longa, há a possibilidade de ampliar a história do curta trazendo mais elementos do universo do compositor paulista. Além da música-título, o roteiro traz episódios, falas e personagens presentes em diversos sambas do compositor, costurados numa só trama, de uma forma bem engenhosa.

Ou seja: não espera uma cinebiografia linear, como tantas outras. O longa traz Adoniran, já do alto de seus 72 anos, narrando ao garçom de um bar histórias de uma São Paulo que não existe mais, lembrando com carinho dos amigos Matogrosso e Joca, vivendo num sobrado que já não existe mais, e ambos apaixonados por Iracema (Leilah Moreno). Enquanto ela dá duro como balconista, os dois fazem de tudo para fugir do batente. Com a ajuda do samba, Adoniran, Joca e Matogrosso sobrevivem à pobreza e à fome, mas têm seu modo de vida ameaçado quando o bairro do Bixiga começa a passar por transformações, sendo engolido pelo progresso e a gentrificação.

Adoniran observa o crescimento desenfreado de São Paulo, que hoje rivaliza com a Cidade do México em tamanho da população. A especulação imobiliária e os despejos ainda são o pano de fundo da ação. Combinando drama e fantasia, o longa resgata uma São Paulo lírica do passado, que ficou imortalizada nas músicas de Adoniran Barbosa (há várias citações nos diálogos e momentos).

Spoiler: a gente já sabe o que vai acontecer com Iracema.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.