CINEMA

‘Tia Virgínia’, de Fabio Meira, estreia nessa quinta nos cinemas

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 08/11/2023 às 10:15

Alterado em 08/11/2023 às 10:15

Fábio Meira Foto: Elisa Mendes

O filme segue Virgínia, uma mulher que nunca se casou nem teve filhos. Ela foi convencida pelas irmãs Vanda e Valquíria a se mudar para outra cidade para cuidar dos pais.

A protagonista é vivida por Vera Holtz, Vanda, por Arlette Salles, e Valquíria, por Louise Cardoso. O elenco traz ainda Antônio Pitanga, Vera Valdez, Amanda Lyra, Daniela Fontan, Iuri Saraiva, entre outros.

“Tia Virgínia” ganhou o Prêmio da Crítica no último Festival de Gramado, Vera Holtz, o de Melhor Atriz, e Meira conquistou o prêmio de Melhor Roteiro.

Nascido em Goiânia em 1979, Meira, além de diretor, é também roteirista e produtor. Estudou na Escola Internacional de Cinema de Cuba e foi assistente de Ruy Guerra, em 2004, no filme “Veneno da Madrugada”.

Seu filme de estreia, “As duas Irenes”, teve première mundial no Festival de Berlim, circulou e foi premiado em diversos festivais importantes do mundo.

Em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, Meira contou o que o motivou a fazer “Tia Virgínia”, seu viés universal, a ótima receptividade que o filme tem tido e novos projetos.


JORNAL DO BRASIL - Já tendo entrevistado você no passado, imagino o que o levou a fazer o filme. Mas queria ouvir de você qual a principal motivação para ter feito “Tia Virginia”.

FABIO MEIRA - Eu ainda não esgotei os assuntos familiares que me perturbam e me comovem. A Irene da casa principal e Virgínia são inspiradas na mesma tia. A diferença é que Irene está em busca de sua liberdade aos 13, Virgínia o fará apenas aos 70. Sentia que era necessário contar essa história, nunca vi um filme sobre isso por mais relevante que o tema seja. O tema da redação do Enem tratou disto neste domingo, sobre a invisibilidade dos trabalhos de cuidado feito pelas mulheres. Recebi mensagens de pessoas que falaram do filme na redação. É bonito quando percebemos que nosso trabalho ganha relevância social.

 

O filme, além de partir de sua própria família, atinge também as famílias dos espectadores e adquire um caráter universal. Havia essa intenção? Foi difícil conseguir esse viés?

Acredito que quando desenvolvemos um tema com profundidade, com um olhar atento e amoroso, ele acaba reverberando nas outras pessoas. Elas se apropriam da história e fazem dela uma experiência pessoal, tem acontecido isso com Tia Virgínia. Os espectadores que assistiram nas sessões especiais sempre surgem para contar suas próprias histórias que se relacionam diretamente com nosso filme.

 

“Tia Virginia” tem emocionado o público, que certamente se identifica com a história (algo importante e que nem sempre acontece). Fale, por favor, um pouco mais sobre isso.

Tem sido muito bonita a recepção. Muitas gargalhadas e muito choro. No fim das sessões recebo abraços emocionados e agradecimentos, é impressionante como sempre dizem que é um filme necessário e que ainda não havia sido feito; as pessoas se sentem representadas, veem a si mesmas ou suas mães, avós e tias. Para mim é sempre uma experiência muito forte, já que quando revejo não deixo de sentir as emoções que me levaram a fazer esse filme.


Já tem algum projeto novo em mente?

Vários (risos). Estou finalizando um chamado Mambembe, misto de documentário e ficção, e também farei mais um filme sobre família, o último, espero. Depois quero me dedicar um pouco a adaptações literárias.

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