CINEMA

‘Walk up’, de Hong Sang-soo, concorre ao principal prêmio em San Sebastian; festival termina neste sábado

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
redacao@jb.com.br

Publicado em 24/09/2022 às 11:53

Alterado em 24/09/2022 às 11:53

Kwon Hae-hyo e Park Mi-so em 'Walk up' divulgação / Festival San Sebastian

O novo trabalho do celebrado diretor sul-coreano é uma comédia surreal de humor negro que segue Byung-soo (Kwon Haehyo), um diretor de meia-idade, já sem muita inspiração, com problemas de saúde e sem apoio financeiro para fazer seu próximo filme.

Com sua filha adolescente (Song Sun-mi), ele visita um prédio de três andares pertencente a uma amiga designer, na esperança de que ela treine sua filha em design de interiores.

A história é contada em três partes, cada uma ocorrendo em um andar diferente do prédio.

Na coletiva com a equipe do filme, após a projeção, Haehyo disse que a preparação para viver o protagonista não foi muito especial porque foi como se aventurar em um lugar novo.

“O segredo para mim é não pensar muito antes de filmar”, acrescentou, complementado por Song Sun-mi: “Viver a personagem exigiu muita concentração em um curto período de tempo”, disse a atriz, certamente se referindo ao conhecido método de Sang-soo de dar aos atores apenas parte do roteiro, ou seja, eles vão para o set sem saber tudo que vão gravar naquele dia.

Respondendo a uma pergunta sobre se a visão expressa no filme reflete sua própria visão sobre o cinema e a indústria cinematográfica, Sang-soo contou que coisas vindas à sua cabeça quando estava escrevendo o roteiro refletem muito o seu ponto de vista.

“No entanto, nesse filme não era minha intenção fazer comentários sobre a indústria sul-coreana de cinema. Eu geralmente busco escrever diálogos e histórias que façam sentido para os personagens”, destacou .

Ao questionamento sobre se algumas colocações em seus últimos filmes se relacionam com algo autobiográfico,

Sang-soo respondeu: “No início da minha carreira, acho que eu era um pouco mais rebelde, queria mudar algumas coisas e lidava com questões morais da adolescência. Na ocasião era algo muito íntimo da minha vida, mas que vem do passado. Agora, eu costumo fazer filmes mais próximos das coisas com as quais estou lidando hoje em dia, mas minha intenção não é fazer algo autobiográfico. Eu não filmo cenas tentando repetir coisas que aconteceram na minha vida. Posso utilizar coisas que ouvi ou vivenciei, mas tentando ser o mais honesto possível em relação a isso”, ressaltou.

Indagada sobre qual foi o maior desafio de atuar e também produzir o filme, Kim Min-Hee lembrou que é a primeira vez que trabalha na produção.

“O que quero dizer é que trabalhar com Hong Sang-soo sempre me oferece algo novo e me faz sentir realizada”, elogiou a atriz .

Ao precisar responder, mais uma vez, sobre o que há dele no personagem principal, Hong Sang-soo saiu pela tangente: “Há apenas fragmentos de mim nele”, concluiu o conceituado cineasta de 62 anos e autor de muitos sucessos, como “A mulher que fugiu”, “Introduction” e “In front of your face”.

“Walk up” teve première mundial em setembro em Toronto e, após esta exibição em San Sebastian, está programado para passar no Festival de Nova York em outubro.

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