Se você gostou do trabalho da atriz belga Virginie Efira, em ‘Benedetta’ (ainda em cartaz), e curte o estilo de cinema delirante e poético de Terry Gilliam, vai gostar de ‘Adeus, idiotas’ (‘Adieu, les cons’), o mais recente filme do ator, diretor e roteirista francês Albert Dupontel (de ‘Nos vemos no paraíso’).

Aqui ele nos apresenta Suze Trappet (Efira), uma mulher gravemente doente que, antes de partir, quer saber do paradeiro do filho que teve quando adolescente, e foi dado para adoção. Acaba tendo a ajuda, por vias tortas, de um empregado amargurado de firma de tecnologia (Dupontel) e de um arquivista cego, o sr. Blin (Nicolás Marié). O trio enfrenta uma jornada algo quixotesca contra a lei e a burocracia, que nos faz lembrar de momentos de ‘Brazil, o filme’, de Terry Gilliam (aliás, Gilliam aparece no filme, num falso anuncio!). Há até um personagem chamado Tuttle, como o protagonista de ‘Brazil’.

A cidade do filme é fria, impessoal (todos os cantinhos bucólicos deram lugar a prédios imensos) e repleta de gente grudada no celular. São pessoas que esqueceram do amor, do contato pessoal, de viver a vida. Tudo o que o trio vai redescobrindo durante a jornada, que alterna momentos de nonsense, humor e romance. Até um final inesperado.

‘Adeus, idiotas’ fez enorme sucesso nos cinemas franceses em 2020, e teve sua estreia aqui adiada por conta da pandemia. Mas nunca é tarde para descobrir um filme tão interessante e imaginativo como este, muito longe da mesmice atual do cinema americano e seus super com emoções digitais.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.