CINEMA

Crítica - Novo ‘Batman’: muito mais sombrio do que nas versões mais recentes

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 02/03/2022 às 14:11

Batman (Robert Pattinson) se alia à Mulher Gato (Zoe Kravitz) para tentar resolver uma onda de crimes na sombria e perigosa Gotham City Foto: divulgação

Nos últimos 30 anos, já tivemos o Batman dark, de Tim Burton; o espalhafatoso, de Joel Schumacher; o ‘sério’, de Christopher Nolan. Sem contar o que veio antes destes, aquele galhofeiro da TV, ainda um dos mais amados pelos fãs. E agora chega um novo Batman, tão sombrio quanto o de Burton, e tão sério quanto o de Nolan. E vale lembrar: este Batman não faz parte do DCU, aquele dos filmes da ‘Liga da Justiça’.

Apesar de sombrio - e algo assustador -, o Batman de Matt Reeves (diretor da recente trilogia ‘Planeta dos Macacos’) poderia ter ido mais longe nas suas ambições, se não ficasse limitado pela censura 13 anos. Fosse 16, como filme solo do Coringa, não teria ficado no ‘quase’ em vários momentos. Ele é quase violento, quase sexy, quase adulto, mas sempre fica no meio termo, por conta da censura limitadora.

O vigilante noturno mostrado aqui não é uma figura infantil. Bem encarnado por Robert Pattinson (dos filmes da saga ‘Crepúsculo’), ele é sofrido e confuso. No filme, notamos que o cara que se veste de morcego ainda não foi adotado por Gotham City. Ele age nas sombras, e é apoiado apenas pelo tenente Gordon (o também ótimo Jeffrey Wright). Ajuda a polícia quando é necessário, com um detetive à margem da lei. Como era o personagem quando surgiu nos quadrinhos.
Assim, acaba ajudando Gordon na resolução de um caso escabroso, que envolve a polícia e poderosos políticos locais (a partir do assassinato do prefeito de Gotham), que estão morrendo nas mãos do psicopata Charada (Paul Dano, também ótimo), que tem um clima meio Coringa do Nolan (é chegado a explosões). No processo, Batman/Bruce Wayne acaba conhecendo e se envolvendo com a também dark e noturna Mulher Gato (Zoe Kravitz, perfeita), que está em busca de uma vingança pessoal. Por sua vez, o morcegão acaba tendo de resolver um caso familiar do passado.

Os elementos na trama são muitos. A produção do filme é excelente (desenho de som fantástico). E as atuações, todas, no ponto. Mas o freio da censura impede o filme de alçar voos mais altos. Nas mãos de um David Fincher, por exemplo, teria alcançado um belo resultado (o filme tem também uns climas meio ‘Seven’, do Fincher, na fotografia). Alie-se a isso a sua longa duração (três horas até os letreiros finais, sem ceninha), num filme que tem três finais. Quando você acha que acabou, ainda tem mais. Assim, a jornada acaba cansando um pouco na reta final.

Contudo, mesmo com alguns deslizes, ‘Batman’ é, no fim das contas, um bom filme policial noir, com um personagem pelo qual os fãs e o público em geral sempre têm a curiosidade de conferir. E apreciam.

Mas fica a impressão de que, como é um (re)começo, as coisas ainda irão se ajustar num futuro próximo...

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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