CINEMA
‘Poropopó’ será exibido no Festival de Tiradentes
Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 15/01/2022 às 12:36
Alterado em 15/01/2022 às 12:36
“Poropopó”, de Luis Igreja, que teve première mundial na Mostra Internacional de São Paulo, estreia no festival mineiro dia 22.
O filme segue uma família de palhaços que abandona o circo para tentar a vida em uma cidade próxima. Com elenco formado por André Abujamra, Amir Haddad e Letícia Pedro, a história gira em torno de Julieta, uma palhacinha adolescente que tem sua vida drasticamente mudada quando sua família deixa o grupo circense.
O projeto é o primeiro longa-metragem de Igreja, que possui ampla experiência com teatro e circo e que dirigiu o grupo Companhia do Gesto e o programa infantil Tem Criança na Cozinha. Após anos de experiência como palhaço, ele leva parte de sua vivência pessoal ao filme.
“Poropopó” – que foi contemplado em primeiro lugar no Edital do Sav/Minc/Fsa para projetos de filmes infantis de linguagem inovadora – tem autoria e direção de arte de Denise Bernardes, que assina o roteiro com Rodrigo Parra. Denise é também responsável pela coprodução junto com Gabriela Figueiredo e com Parra, que tem uma definição muito própria para o longa.
“Vendo-o pronto e sendo exibido na tela grande, acredito que “Poropopó” é mais do que um longa-metragem infantil: é uma confluência de experiências artísticas, criatividade, amizade e paixão pela arte cinematográfica”, resume.
O filme é dedicado à memória do cultuado cineasta Roberto Farias, que apoiou o projeto e incentivou sua realização.
Em entrevista ao Jornal do Brasil, Denise explicou como surgiu a ideia do argumento, do roteiro e também a forma criativa como foi realizado.
JORNAL DO BRASIL - Como surgiu a ideia do roteiro do filme?
DENISE - A ideia do roteiro surgiu na época em que eu fazia um curso de pós-graduação de roteiro para cinema, durante o qual tínhamos que criar muitas histórias para as aulas do curso. Estava em Copacabana andando de bicicleta, e pensei em uma família de palhaços que resolvesse deixar um circo tradicional para tentar a vida em uma cidade e precisasse morar em um pequeno apartamento em um daqueles prédios, mas sem nunca deixar suas caracterizações de palhaços, seu comportamento expansivo, seu humor irreverente e suas crenças.
E o que originou a forma criativa e poética da narrativa?
Em função da experiência de ter trabalhado muito tempo com direção de arte e figurino, queria contar essa história com uma linguagem imagética, em que a narrativa se movesse pelos acontecimentos e ações, e não pelo significado das palavras.
Em 2013, fizemos um curta-metragem homônimo, finalizado em 2021, para testar a linguagem. O resultado foi promissor, e eu e o roteirista e produtor Rodrigo Parra chegamos a escrever os roteiros para uma série também inspirada nessa mesma história. Nesse mesmo período, foram lançados editais para financiamento de produções de longas-metragens de baixo orçamento e optamos por adaptar o material desenvolvido para esse formato. O roteiro foi o primeiro colocado no edital para projetos infantis, e o filme foi realizado inteiramente com recursos desse prêmio.
A escolha da locação em Nova Friburgo também é muito interessante e como é a cidade onde viveu Roberto Farias, a quem o filme é dedicado, certamente isso deve ter ajudado muito.
A escolha por filmar em Nova Friburgo contribuiu muito para a produção, em especial pelo engajamento dos profissionais e apoiadores locais. Sem contar que as locações deixaram tudo mais poético.
Passamos por algumas dificuldades de produção e filmamos tudo em duas semanas e meia, debaixo de muita chuva. Tivemos que cortar, simplificar e adaptar o roteiro original, muitas vezes na véspera, e até no dia da filmagem. O mesmo se deu durante a montagem. O fato de também ter feito a direção de arte colaborou nesse processo de filmagem e montagem, mas o que ajudou realmente foi contarmos com uma equipe criativa e elenco muito dedicados e apaixonados pelo projeto.