CINEMA

Crítica - ‘Querido Evan Hansen’: drama musical rende menos na tela de cinema

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 16/11/2021 às 19:28

Da Broadway para o cinema, 'Querido Evan Hansen', um drama musical Foto: divulgação

Um dos maiores sucessos recentes da Broadway, o drama musical ‘Dear Evan Hansen’, chegou aos cinemas meio rápido (é de 2016), trazendo o ator original dos palcos e vencedor do Tony, Grammy e Emmy, Ben Platt, que repete o papel que o consagrou. Na peça (e agora no filme), ele faz o Evan Hansen do título, um estudante do ensino médio problemático e apagado que, na ânsia por se inserir em seu grupo, em meio ao caos e maldade da era das redes sociais, acaba se envolvendo numa grande mentira.

Dirigido pelo cineasta Stephen Chbosky (do ótimo ‘As vantagens de ser invisível’), o filme foi escrito para as telas pelo vencedor do Tony, Steven Levenson, com música e letras da equipe de compositores vencedora do Oscar, Grammy e Tony, Benj Pasek e Justin Paul (‘La La Land: Cantando Estações’, ‘O Rei do Show’). E é aí que o filme pode encontrar algum problema com a plateia. Apesar de ser um drama sombrio, quando os atores, de repente, começam a cantar, pode causar algum estranhamento. Não é um musical típico.

Ainda que o filme tenha boas canções ganhadoras do Grammy, incluindo ‘You will be found’, e traga no elenco nomes conhecidos, como as premiadas Amy Adams e Julianne Moore, além de um bom elenco de apoio composto por Kaitlyn Dever (‘Booksmart’), Amandla Stenberg (‘O Ódio que Você Semeia’) e Nik Dodani (o Zahid da série ‘Atypical’), entre outros, essa mistura de elementos nem sempre funciona a contento.

Contudo, a trama é boa o bastante para cativar a plateia. Tudo começa quando Evan Hansen, uma figura triste pela qual ninguém na sua escola dá bola, se envolve involuntariamente com Connor, um rapaz meio bully, meio atormentado que, eventualmente, acaba se suicidando. Por conta de um e-mail criado por Hansen (que costumava escrever para si mesmo, já que não tem amigos), começa o mal-entendido. O e-mail – que dá conta de que Connor era seu grande amigo -- acaba ‘vazando’. Assim ele ganha a simpatia da família do finado, e até mesmo a atenção da irmã deste, por quem Evan nutre afeição. De repente, Evan não é mais um garoto com mãe ausente (Moore), já que a mãe de Connor (Adams) passa a lhe dar carinho e atenção; enquanto que a irmã deste lhe dá amor. E agora? Manter a mentira até o fim ou contar a verdade e perder tudo isso? Esse é o grande dilema.

Novamente, não fosse o fato de, no meio da tragédia, as pessoas começarem a cantar, o filme seria apenas mais um bom drama com um assunto bastante atual (na verdade, vários assuntos pertinentes ao universo dos adolescentes, amplificados pelas redes sociais). Mas como o personagem principal é feito pelo mesmo ator da peça (já com aparência passada para fazer um adolescente; e que por isso disse que essa seria a sua última atuação no papel), quem por acaso já tiver visto a peça vai gostar. E quem não viu vai se importar com o espinhoso tema. Contanto que não se incomode de ver as pessoas cantando, do nada.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

 

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