CINEMA

Crítica - ‘Cry Macho’: o ocaso de um cowboy

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 21/09/2021 às 13:01

Alterado em 21/09/2021 às 13:02

Em 'Cry Macho', Clint Eastwood parece nos dizer adeus Foto: divulgação

Clint Eastwood é uma verdadeira lenda viva, uma instituição do cinema americano e mundial. Aos 91 anos, ainda atua e dirige filmes, com as convicções de um novato e as certezas de um veterano. É assim que ele nos entrega mais um filme em que atua e dirige, ‘Cry Macho: o Caminho para Redenção’. Ainda que não seja de seus melhores filmes (seu último realmente bom, foi ‘Gran Torino’, de 2008), Clint é Clint.

Agora ele faz Mike Milo, uma ex-estrela dos rodeios que, já velho e meio aposentado, faz um favor para o dono de um rancho no Texas, onde trabalha: ir até ao México buscar o filho rebelde deste (Eduardo Minett), que se encontra com a mãe que o maltrata. Bem, esta é a história que seu patrão Howard Polk (o astro da música country e também ator Dwight Yoakam) conta. Na jornada por vilarejos fronteiriços, em áreas desérticas do México, o velho cowboy vai descobrindo que existem muito mais coisas por trás de tudo; e, ao mesmo tempo, vai encontrar a redenção, através da relação que desenvolve com o jovem, que é uma boa pessoa.

O filme (baseado num livro, que vem tentado ser levado às telas desde os anos 1990) é algo lento, como o próprio cowboy idoso. E as cenas são organizadas de modo que dê para Clint passar por algumas situações que exigem ação, sem ter de se esforçar muito. Há até um galo de briga de estimação do rapaz, que protagoniza algumas desta cenas (!). E Clint, que sempre personificou a quintessência do macho hétero, ainda arranca suspiro das mulheres, e chega mesmo a se relacionar com uma delas.

Mesmo sendo um filme morno e previsível, Clint nos dá um bom estudo da personalidade de um tipo que está cada vez mais em extinção. Chegando mesmo a dizer para o rapaz, na cena final, que esse lance de romantizar o cowboy não está com nada. Não há nada de glamuroso em montar um cavalo no rodeio e tirar onda de macho (que, aliás, é o nome do galo de briga).

Desta forma, ‘Cry Macho’ acaba soando meio como um canto de cisne do ator que pode nos deixar a qualquer momento. Provavelmente, não o veremos mais atuando e dirigindo tão cedo (o espaço entre seus filmes está aumentando). Se for o caso: adeus, cowboy.

_______

COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

Tags: