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Com Mariana Ximenes , ‘Capitu e o capítulo’ estreia dia 27 nos cinemas

Novo filme de Julio Bressane traz também no elenco, Vladimir Brichta e Enrique Diaz

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 20/07/2023 às 11:41

Alterado em 20/07/2023 às 11:41

Julio Bressane e Mariana Ximenes, Diretor e protagonista de 'Capitu e o Capítulo' Viviane D’Avila

Inspirado no livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, o filme “Capitu e o capítulo”, de Julio Bressane, conta a história de Bentinho e Capitu que, apaixonados desde a adolescência, têm que enfrentar obstáculos à realização de seus anseios amorosos.

A atriz Mariana Ximenes assume o famoso papel de Capitu, que seduz o jovem Bentinho (Vladimir Brichta).

O filme ressalta também a importância de Machado de Assis para a cultura brasileira. “O genial escritor brasileiro, preto, nascido pobre, marcado pelo temor da epilepsia, foi um escritor e leitor miraculoso”, afirma Bressane, que começou a fazer cinema como assistente de direção de Walter Lima Júnior, em 1965. Seu nome ganhou mais notoriedade com a realização do documentário sobre a cantora Maria Bethânia.

Em 1970, fundou a Belair Fimes em sociedade com o também cineasta Rogério Sganzerla. Eles optaram por um modelo de realizar filmes de baixo custo e, com isso, conseguiram rodar seis longas-metragens em apenas seis meses.

Em 50 anos de carreira, Bressane dirigiu 60 filmes que rodaram pelos principais festivais do mundo como Cannes, Veneza, Brasília, Rotterdam, entre outros.

Em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, Bressane revelou a principal motivação para ter realizado “Capitu e o capítulo”; disse que muitas interpretações de Dom Casmurro estão realmente ainda em aberto, e deu detalhes do novo filme que está preparando.

 

JORNAL DO BRASIL - – Há muitas motivações para fazer um filme. Mas há sempre aquela mais forte, que dá o impulso. Qual a principal que o levou a decidir realizá-lo?

JULIO BRESSANE - Eu já conhecia bastante Dom Casmurro, de muitos anos, de leitura. Meu interesse principal para fazer o filme foi o ponto de vista que o Haroldo de Campos me sugeriu há muitos anos, de fazer uma leitura mais estrutural deixando em outro plano a questão propriamente “se Capitu traiu, não traiu”. Como me disse o Haroldo na época, o importante em Dom Casmurro não era a Capitu, era o capítulo. Foi essa perspectiva que me interessou, me entusiasmou para fazer outra leitura do Dom Casmurro. Foi essa evidência que aparece escondida no texto, que é a própria estrutura do texto. Essa questão importante do capítulo como uma interrupção, um ponto vazio, vamos dizer assim. Então foi isso que me levou a fazer o filme.

 

Dom Casmurro é um clássico cujo estudo e interpretações ainda estão em aberto e, como você diz, pode ter sempre “outros recomeços”. Poderia falar um pouco mais sobre isso?

Uma obra como Dom Casmurro está sujeita, através dos tempos, a uma coisa muito importante que é a tradução. O Dom Casmurro tem essa força, a força do clássico, a novidade que permanece novidade, tem essa característica do clássico e há sempre o motivo do recomeço, de uma releitura.

 

Já há algum novo projeto em mente?

Estou agora neste momento preparando um filme que é a história de uma pequena cidade da província brasileira, como se deu o povoamento e depois o abandono. Estou trabalhando nesse filme.

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