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Teatro de Milão cancela espetáculo com dançarino pró-Putin
Por CADERNO B
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Publicado em 30/12/2022 às 11:57
Alterado em 30/12/2022 às 21:38

O Teatro Arcimboldi de Milão anunciou nesta sexta-feira (30) que o espetáculo de dança com o ucraniano Sergei Polunin, um defensor do presidente russo, Vladimir Putin, foi cancelado.
O artista é natural de Kherson, uma das primeiras cidades invadidas pelos russos em fevereiro e que voltou para as mãos de Kiev em novembro, e sempre defendeu a guerra. Além disso, tem uma tatuagem com o rosto de Putin em seu peito.
A apresentação de "Rasputin" já havia sido alvo de diversos protestos, mas a instituição tinha mais de 3,5 mil ingressos vendidos para as duas datas de show no ano que vem.
"Não há clima para representar um espetáculo de arte e trazer as sensações corretas. Talvez, até, o clima tenha mudado para sempre", disse o diretor do teatro, Gianmario Longoni, ao jornal "Corriere della Sera".
O espetáculo deveria ter ocorrido em dezembro de 2019, mas foi cancelado cinco vezes por conta das restrições provocadas pela pandemia de Covid-19 e uma sexta por conta de uma lesão de Polunin.
"A decisão não foi em âmbito cultural, mas de responsabilidade social. Em um clima de tensão e ameaças, consideramos complicado apoiar a nossa escolha artística. Os valores do pacifismo e da tolerância estão inseridos na programação do teatro - que já se manifestou contra as atrocidades da guerra realizado um evento gala de dança pela paz em abril", diz uma nota oficial do teatro. (com agência Ansa)
Essa não é a primeira vez que há polêmicas culturais por conta da guerra na Ucrânia. O famoso Teatro alla Scala, também de Milão, foi muito criticado por manter como abertura da temporada 2022/2023 a ópera russa "Boris Godunov", do compositor Modest Mussorgsky (1839-1881).
Nesta semana, foi a vez da Musikamera cancelar duas apresentações no Teatro La Fenice, em Veneza, por conta da presença da pianista ucraniana pró-Putin Valentina Lisitsa. (