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‘O Silêncio da Chuva’, novo filme de Daniel Filho, estreia nesta quinta nos cinemas
Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 23/09/2021 às 08:57
Alterado em 23/09/2021 às 08:57
Daniel Filho e Lázaro Ramos no set Foto: Mariana Vianna
“O Silêncio da Chuva”, inspirado no primeiro romance policial do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, é um thriller que segue o delegado Espinosa (Lázaro Ramos) e a investigadora Daia (Thalita Carauta) tentando solucionar o mistério sobre a morte do executivo Ricardo (Guilherme Fontes), encontrado baleado ao volante de seu carro, no bairro da Urca, Rio de Janeiro.
Enquanto eles buscam pistas e decidem procurar a viúva, Bia (Cláudia Abreu), as coisas se complicam quando ocorre outro assassinato, e pessoas envolvidas no caso começam a sumir.
O livro de Garcia-Roza, publicado em 1996 e primeiro da série do emblemático policial Inspetor Espinosa, recebeu os prêmios Nestlé e Jabuti, e foi publicado em vários países.
Para fazer a transposição para as telas, o diretor realizou adaptações no roteiro que incluiu trazer a história para 2018 e a participação de mulheres na polícia.
O ótimo elenco inclui ainda Pedro Nercessian, Bruno Gissoni, Mayana Neiva e a participação especial de Anselmo Vasconcellos.
Lázaro Ramos – que tem uma excelente atuação vivendo o personagem principal – volta a trabalhar com Daniel Filho, para quem só tem elogios: “O trabalho de atualização do filme é sensacional, principalmente no que diz respeito às mulheres. É um filme policial, mas que utiliza muito o humor”, define o cultuado ator.
Em entrevista exclusiva ao JORNAL DO BRASIL o cineasta carioca, de 84 anos, falou sobre a motivação para fazer “O Silêncio da Chuva, reafirmou sua parceria com Lázaro e revelou preferências em sua carreira, que inclui filmes de sucesso como “A Partilha” (2001), “Se eu fosse Você” (2006) e “Chico Xavier” (2010); e séries históricas como “Carga Pesada”, “Plantão de Polícia” e “Malu Mulher” (1979).
JORNAL DO BRASIL: Sabemos que em qualquer projeto há sempre uma motivação mais forte para realizá-lo. No caso de “O Silêncio da Chuva”, qual foi?
DANIEL FILHO: Quis comprar os direitos desde que o livro foi lançado, mas outras pessoas se anteciparam. Mas há 12 anos tive a possibilidade de ter os direitos para as filmagens. É uma história que poderia ser contada no cinema.
Na história do cinema há personagens que não conseguimos imaginar outro ator interpretando, caso do Lázaro no filme. Como foi o caminho para essa escolha?
Eu já estava trabalhando com o Lázaro em outros projetos (ele atuou no meu filme “Sorria, Você Está Sendo Filmado”; sou o produtor do primeiro filme dele na direção, “Medida Provisória”, entre outros). Quando pensamos em ter um Espinosa negro, já imaginei o Lázaro. Há diversos outros ótimos atores, mas eu já tinha essa cumplicidade com o Lázaro. E ele formou uma bela dupla com a Thalita Carauta, uma atriz extraordinária. Essa minha “sociedade” com o Lázaro é para sempre.
A transposição – de local, tempo, diferente no livro de Garcia-Roza – foi necessária ou teve um motivo específico?
No livro, a história era passada em 1996. E muitas coisas mudaram até hoje. Por exemplo, hoje em dia é muito difícil não ter uma câmera gravando. No livro, a morte do personagem Ricardo (interpretado pelo Guilherme Fontes) acontece no estacionamento do Menezes Cortes, no Centro do Rio. Fui até lá e atualmente não há um ponto cego, sem nenhuma câmera. Claro que em 1996 existiam câmeras, mas não tantas e com a precisão de que se tem hoje. Outro ponto é que seria muito custoso fazer um filme passado há 25 anos, e não tínhamos este investimento. Também mexemos na estrutura, aumentando o potencial das mulheres. Foram mudanças necessárias.
Você tem uma carreira marcante em várias áreas: cinema – e neste, atuação, direção, produção... – teatro, televisão, literatura. Tem alguma que você prefira, enfim, alguma para a qual o coração bata mais forte?
Atualmente, cinema. Eu gosto mesmo é de um platô, de um set. O set é o local que eu mais me identifico, que eu gosto de estar. Pode ser de cinema, série...