CADERNOB
Festival de Veneza divulga os vencedores de sua 78ª edição
Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 12/09/2021 às 08:40
Audrey Diwan – Diretora de L’ événement – Leão de Ouro de melhor filme Foto: Jacopo Salvi
O Festival de Cinema de Veneza anunciou na noite desse sábado (11) os vencedores de sua 78ª edição, iniciada no último dia 1º no formato presencial.
O júri presidido pelo cineasta sul-coreano Bong Joon-ho conduziu a cerimônia realizada em tempo curto, provavelmente devido aos cuidados necessários com a pandemia.
O Leão de Ouro, principal prêmio do festival, foi para “L’événement”, da diretora francesa, de origem libanesa, Audrey Diwan. Estrelado por Anamaria Vartolomei, o filme é adaptação do romance homônimo de Annie Ernaux sobre o aborto, quando ainda era ilegal na França dos anos 1960.
“Eu fiz meu filme com raiva, com desejo, mas também com meu instinto e minha razão. Agradeço especialmente a Anamaria – ela é o filme”, elogiou a cineasta visivelmente emocionada.
O Leão de Prata - Grande Prêmio do Júri foi conquistado por Paolo Sorrentino com “É Stata la Mano di Dio”, sobre a perda dos pais na adolescência. Sorrentino, em seu agradecimento, emocionou-se a ponto de não conseguir conter as lágrimas.
O Leão de Prata - Melhor Diretor (a) foi para Jane Campion, da Nova Zelândia por “The Power of the Dog”, um drama ambientado na década de 1920. “Agradeço especialmente aos meus atores e também à organização do festival. É importante para o cineasta mostrar seu filme para o público nesse contexto que estamos vivendo”, ressaltou Campion.
O Prêmio Coppa Volpi de melhor atriz foi para Penélope Cruz, por seu intenso desempenho em “Madres Paralelas”, de Pedro Almodóvar. A atriz agradeceu ao diretor dizendo que o prêmio é 100% dele. “Agradeço também por sua confiança inspirando-me dentro e fora do set. Não poderia estar mais orgulhosa de ter participado do filme”, concluiu a atriz.
O Prêmio Coppa Volpi de melhor ator foi para John Arcilla pela atuação em “On The Job: The Missing 8”, de Erik Matt.
O Leão de melhor roteiro foi conquistado por Maggie Gyllenhaal, pelo filme “The Lost Daughter”, que marca sua estreia como diretora.
O Prêmio Especial do Júri foi conquistado por “Il Buco”, do italiano Michelangelo Frammartino.
VENEZA CELEBROU A ARTE E O CINEMA
O Festival cinematográfico mais antigo do mundo, que em 2020, mesmo no contexto da pandemia, decidiu manter o evento, seguiu este ano o mesmo caminho. Realizou sua 78ª edição com um forte esquema de segurança que incluiu exigência de passaporte sanitário, locais reservados, uso de máscaras e medidas rígidas de higienização. Um muro protegeu o tapete vermelho para evitar aglomerações, mas o brilho permaneceu.
Se o festival fez a sua parte, o outro lado respondeu no mesmo tom: celebridades, astros e estrelas compareceram, prestigiando o festival. Nomes como Pedro Almodovar, Paolo Sorrentino, Pablo Larrain, Jane Campion, Paul Schrader, Kristen Stewart, Penélope Cruz, Antonio Banderas, Benedict Cumberbatch, Willem Dafoe, entre outros marcaram presença celebrando o evento.
Homenagem
O ator, comediante e diretor italiano Roberto Benigni foi homenageado com o Leão de Ouro pelo conjunto da obra.
Brasil
“Deserto Particular”, do cineasta baiano Aly Muritiba, ganhou o prêmio do público na paralela Venice Days que contempla obras autorais.
“Fazer um filme, trazê-lo para um dos maiores festivais do mundo e atingir o coração da audiência é algo muito especial”, disse o diretor em Veneza.
Além do prêmio do público para “Deserto Particular”, os brasileiros ganharam elogios da crítica e aplausos dos espectadores em todas as sessões dos filmes que representaram o Brasil: “Ato”, de Bárbara Paz; “Salamandra”, de Alex Carvalho; “7 Prisioneiros”, de Alexandre Moratto; e “Lavrynthos”, de Fabito Rychter e Amir Admoni.
Dois deles – “7 Prisioneiros” e “Deserto Particular” têm previsão de estreia no Brasil ainda este ano, o primeiro na Netflix e o segundo nos cinemas.