CADERNOB

Estudante brasileiro conquista prêmio em Cannes

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 16/07/2021 às 12:32

Alterado em 16/07/2021 às 12:32

Rodrigo Ribeyro fOTO: Dani Drumond

“Cantareira”, filme do estudante paulista Rodrigo Ribeyro, foi o terceiro colocado na mostra competitiva Cinéfoundation, da 74ª edição do Festival de Cannes.

Ribeyro – que era um dos 17 finalistas selecionado em um universo de 1853 inscritos, competiu com o filme feito no curso da Academia Internacional de Cinema (AIC).

Responsável pelo roteiro, direção, montagem e desenho de som, Ribeyro dividirá os 7.500 euros reservados à premiação com o romeno “Love Stories on the Move”, de Carina-Gabriela Dasoveanu.

L’Enfant Salamandre, do belga Théo Degen, e “Cicada”, de Yoon Daewoen (Coréia do Sul), conquistaram, respectivamente, a primeira e a segunda colocação.

O filme brasileiro tem por tema a Serra da Cantareira (ao norte paulistano) e questões ambientais ligadas ao embate entre o meio rural e a metrópole. O atrativo da natureza promete influenciar decisões fortes de um jovem deslocado na cidade grande.

Favoritos aos prêmios

O festival anunciará, na noite desse sábado (17), os vencedores de sua 74ª edição, escolhidos pelo júri que é presidido pelo cineasta americano Spike Lee.

Mesmo considerando que cabeça de júri pode sempre trazer surpresas, os títulos listados abaixo tiveram boa receptividade da crítica e público, e podem ser considerados na bolsa de apostas para os cobiçados troféus.

“Bergman’s Island”, de Mia Hansen-Love – uma reflexão sobre a inspiração no diretor sueco Ingmar Bergman e a excelência de narrar histórias, pode sensibilizar os jurados com esse primeiro trabalho no idioma inglês da diretora, e ser um candidato forte para ganhar algum prêmio.

“Um Herói”, de Asghar Farhadi, tem condições de levar o júri a encontrar pontos em comum para a premiação, mas alguns jurados já familiarizados com o trabalho do diretor iraniano podem achar que, como desta vez ele não está se superando, a Palma poderia ir para um trabalho mais desafiador. Mas é um título que está no páreo.

“Petrov’s Flu”, de Kirill Serebrennikov – a investigação da identidade russa por meio de reviravoltas surreais torna o filme um trabalho visionário que o júri poderá considerar. Além disso, o fato do cineasta continuar filmando, apesar da perseguição do governo, traz um lado político que costuma pesar, acrescido no caso pela forte declaração de Lee, no início do festival, contra Putin. Isso também pode resultar em que, ao invés da Palma para o filme, Yekaterinburg receba o prêmio de melhor diretor.

“The Worst Person in the World”, de Joachim Trier – com uma narrativa que mistura comédia e tragédia, o filme traz um olhar sobre uma jovem vivida pela excelente Renate Reinsve. Mesmo que o júri esteja inclinado a premiar títulos mais ousados, o filme de Trier tem condições de ganhar outros prêmios, como atriz ou roteiro.

“The French Dispatch”, de Wes Anderson. O filme recebeu uma ovação de nove minutos na estreia. Embora não seja um título de consenso para ganhar uma Palma de Ouro, o júri pode considerar o tema, que é uma ode ao jornalismo, os desempenhos, bem como a firme direção de Anderson, e lhe conceder algum troféu.

“Ahed’s Knee”, de Nadav Lapid – a abordagem fragmentada pode não agradar a todos os jurados, mas eles poderão considerar o viés diferente do filme. Embora não seja um título de consenso, esse tipo de trabalho costuma ganhar outros troféus, como o Grande Prêmio do Júri, por exemplo.

“Tout s’est Bien Passé”, de François Ozon – com uma história que, em grande parte, se passa em um hospital, pode não ser a melhor escolha em um ano com temas mais ousados. Mas o filme foi bem recebido pela crítica, e o apelo emocional é um ponto alto. Se o júri ficar dividido entre outros concorrentes, o fato pode funcionar a favor de Ozon, embora haja candidatos mais fortes à Palma.

“Annette”, de Leo Carax – o filme dividiu o público. As razões dos que gostaram podem ser atribuídas aos desempenhos de Adam Driver e Marion Cottilard, ao surrealismo do diretor ou à contagiante trilha sonora. Filmes de abertura não costumam ganhar palmas, já que o júri está mais distante deles na hora da decisão e, no caso deste, mesmo com a boa aceitação de alguns jurados, as reações diferenciadas podem influenciar a avaliação final.