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'criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos', lançado pela independente Mondrongo, vai ser publicado em Portugal
Por CADERNO B, [email protected]
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Publicado em 16/07/2021 às 12:01
Alterado em 16/07/2021 às 12:05
O escritor Leonardo Valente acaba de acertar com a editora Edições Sem Nome, de Portugal, a publicação de criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos, que acaba de ser lançado no Brasil.
O livro foi publicado aqui por uma editora independente – a baiana Mondrongo – e será publicado, também, por uma editora independente na Europa. Ou seja, não houve, na negociação, a participação de grandes grupos editoriais, agentes ou participações em feiras.
A publicação do livro brasileiro pela editora portuguesa, com negociação direta com o escritor, é um novo caminho que se abre para a internacionalização da literatura brasileira. O acordo mostra, ainda, a força atual das editoras independentes dentro e fora do Brasil, que começam a se comunicar e publicar livros de interesse de outros leitores no exterior.
"criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos" é uma combinação de contemporaneidade com referências clássicas. Leonardo Valente conduz o leitor por uma trajetória de reflexões, contradições e realidades não tão reais.
“Um livro inquietante e com estilo literário maiúsculo”. É assim que a escritora, tradutora e presidente da Fundação Saramago, Pilar del Río, define o romance criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos, de Leonardo Valente. A declaração dela está na quarta capa do livro, publicado pela Editora Mondrongo, logo abaixo da afirmação da escritora Maria Valéria Rezende: “A leitura mais espantosa, provocativa e mais completa como testemunho desse momento, um livro com valor histórico”.
O livro é narrado em primeira pessoa por alguém que se mostra e se esconde a todo momento. Alguém que ora se revela do gênero feminino, ora masculino. Muitas outras vezes sem gênero, sem identidade, sem identificação. Ao entrarmos nas páginas do romance, somos sugados por um tobogã de palavras que traduzem o sobe e desce dos sentimentos e emoções de D. O que acreditamos ser verdade, na frase seguinte não é mais.
“Uma das coisas mais geniais é a oscilação de gênero de D., personagem que reflete sobre o caos terrível que atravessa transversalmente todos no mundo de hoje”, prossegue Maria Valéria Rezende sobre a obra de Leonardo Valente. Redes sociais, curtidas, fake news, comentários nas postagens, tudo isso está presente na história, ao lado de referências como o russo Liev Tolstói e seu clássico Anna Karenina, Gustave Flaubert e sua personagem que ganhou vida própria, Emma Bovary, entre outras, como Hilda Hilst e a introspecção de Clarice Lispector.
“A realidade por vezes é tão dolorosa de ser compreendida, assimilada, que por instinto de sobrevivência recorremos aos símbolos, aos códigos”, explica Leonardo Valente, que recorreu durante todo o livro a uma narrativa que usa as letras não apenas para formar palavras e as palavras não apenas para formar frases. Muitas vezes, letras e palavras servem de códigos para expressar a dor, a confusão, a raiva, ou algum outro afeto que D. não consegue ou não quer verbalizar. Em diferentes momentos, a escrita é uma ilustração da subjetividade de D. Da sua respiração, do ritmo da sua fala, da intensidade dos seus sentimentos ou da crueza da sua reflexão.
“Este é um livro repleto e ao mesmo tempo vazio de personagens, cheio de histórias que envolvem outros e outras, mas que na verdade dizem respeito ao universo de um único ser que carrega em suas costas os dilemas e dramas de nossa contemporaneidade”, define o escritor Leonardo Valente.
Sobre o autor
Leonardo Valente nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 1974. Tem três romances e uma antologia publicados, entre eles Apoteose (Mondrongo, 2018), O beijo da Pombagira (Mondrongo, 2019), finalista do Prêmio Rio de Literatura, e Calote (Mondrongo 2020). Em 2017, foi um dos vencedores do Prêmio José de Alencar de melhor romance, da União Brasileira de Escritores, com um original ainda inédito. É um dos organizadores da coletânea Antifascistas (Mondrongo, 2020), que reuniu alguns dos mais importantes nomes da literatura lusófona, e tem textos ficcionais em diversas publicações. Jornalista e doutor em Ciência Política, é professor de Relações Internacionais da UFRJ.
Sobre a editora
A Editora Mondrongo é uma editora independente de Itabuna, Bahia, que em setembro completa dez anos. Foi fundada por Gustavo Felicíssimo, tem centenas de livros publicados, entre romances, poesia e crônica, alguns deles finalistas e vencedores de prêmios como o da Biblioteca Nacional, Prêmio Rio de Literatura e Jabuti.
Ficha técnica: "criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos" / Autor: Leonardo Valente / Editora: Mondrongo / 127 páginas.