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'Capovilla deixa uma história tenaz de sobrevivência artística'

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 31/05/2021 às 11:21

Alterado em 02/06/2021 às 08:15

Maurice Capovilla e o jornalista e crítico Carlos Alberto Mattos Acervo de Carlos Alberto Mattos

O diretor, roteirista e ator Maurice Capovilla morreu nesse sábado (29) no Rio de Janeiro aos 85 anos.

Nascido em Valinhos, interior de São Paulo, cursou Filosofia na USP e, ainda estudante, foi dedicado adepto do cine-clubismo com os amigos Jean-Claude Bernardet e Rudá de Andrade.

Capô – como era chamado – foi autor de dezenas de filmes ficcionais e documentais como “O Profeta da Fome”, protagonizado por José Mojica Marins, e “Subterrâneos do Futebol”, produzido por Thomaz Farkas (1924-2011). Ele foi um dos integrantes da chamada “Caravana Farkas”, grupo de documentaristas brasileiros que abordou as mazelas do subdesenvolvimento, através de pesquisa de campo realizada nos sertões e em favelas.

Na ficção – um dos seus títulos mais conhecidos – é “Bebel, a Garota Propaganda” (1967), inspirado no conto de Ignácio Loyola Brandão, Bebel que a Cidade Comeu.

Em 2006, o jornalista, crítico e pesquisador de cinema Carlos Alberto Mattos escreveu para a Coleção Aplauso – concebida pela Imprensa Oficial, com o objetivo de resgate e preservação de nossa memória cultural – o livro "Maurice Capovilla – A Imagem Crítica".

Mattos falou sobre a perda desse importante nome da nossa cultura: “O Cinema Brasileiro perdeu um mestre. Maurice Capovilla deixa uma história tenaz de sobrevivência artística e uma obra que ajudou a conferir personalidade e modernidade à nossa cinematografia”.

Capovilla realizou também projetos na área de educação com o Instituto Dragão do Mar em Fortaleza.

E na televisão integrou equipe do Globo Repórter com os diretores Eduardo Coutinho e João Batista de Andrade.

Seus últimos filmes foram “Harmada”, com Paulo César Pereio em 2003 e o drama / musical “Nervos de Aço”, em 2016.