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Pag. 56 - Fé na bilheteria

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S eguindo uma tendência atualmente em voga, tizuka yamasaki aposta na religiosidade para levar milhões de fiéis aos cinemas. depois da cruzada espiritual liderada por bezerra de menezes , chico xavier e nosso lar é a vez de nossa senhora aparecida fazer tilintar o som das caixas registradoras das bilheterias de todo o país. como cinema, o que de melhor se pode dizer sobre aparecida – o milagre é que não tem a mesma quantidade de excessos grandiloquentes e melodramáticos de superproduções como olga . entretanto, a diretora não deixa de investir numa trama familiar para lá de banal, apoiada sobre o surrado contraste entre o pragmatismo do capitalista e o sentido de utopia do artista.

Vejamos: criado em aparecida do norte, marcos fica traumatizado, ainda na infância, ao perder o pai num acidente de trabalho durante a construção da basílica. há um corte no tempo e o espectador volta a se deparar com marcos, muitos anos depois, como um poderoso empresário que renega a fé e não aprova a vida de artista do filho, lucas. depois de uma briga séria com o pai, lucas sofre um grave acidente e fica entre a vida e a morte, situação-limite que confronta marcos com a própria fé. originalidade, como se vê, não é o mérito principal de a p a re c i da – o milagre.

Na pele do protagonista, murilo rosa imprime variações emocionais previsíveis. maria fernanda cândido não tem muito a fazer com uma personagem circunstancial. fica difícil até para atrizes mais experientes, como bete mendes e leona cavalli, emprestar credibilidade artística às suas falas. não é aqui que tizuka retomaria contato com uma produção mais autoral, inaugurada, na sua carreira, com gaijin – caminhos da liberdade.