N ão cabe negar determinadas qualidades a esse novo filme de julio medem. a principal delas: a habilidade do cineasta em filmar no espaço fechado de um quarto de hotel. em parceria com o diretor de fotografia álex catalán, medem busca ângulos diversos e investe num jogo de claro/escuro ao registrar os corpos das atrizes elena anaya e natasha yarovenko. elas interpretam a espanhola alba e a russa natasha, que dão partida a um relacionamento intenso após um encontro acidental.
Infelizmente, medem (também responsável pelo roteiro) ressurge, em um quarto em roma , distante de seus melhores momentos ( os amantes do cír culo polar e, em especial, lucia e o sexo ).
O diretor tem dificuldade em imprimir especificidade ao elo passional entre suas personagens, que relatam histórias pessoais marcadas pela opressão para desmenti-las, com frequência, em seguida. um mecanismo que gera no público mais monotonia (os 109 minutos de duração demoram a passar) do que interesse pelo desdobramento dos fatos.
O vínculo entre as jornadas de alba e natasha e a história da pintura (há quadros suntuosos pregados no quarto) não é suficientemente desenvolvido. e nem a provocação lançada em torno da impossibilidade de o artista deixar de representar. para completar o panorama desfavorável, a trilha sonora de jocelyn pook soa um tanto excessiva.