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Pag. 51 - Tentativa frustada

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A adolescência, esse maravilhoso período de liberdade e descompromisso, invariavelmente, termina. para algumas pessoas, a passagem para a vida adulta é indolor.

Para outros, jamais acontece. ao que tudo indica, oswaldo montenegro trava uma batalha sangrenta contra o fim da própria adolescência. e tal batalha é fácil de ser entendida quando vemos o que o bardo fez na adaptação do texto de sua autoria, léo e bia .

Primeiro, um espetáculo teatral nascedouro de muitos atores para a dita “carreira artística”. montenegro equilibra duas atrizes – paloma duarte, à época das filmagens, esposa do diretor, e françoise forton – e um elen co mais jovem – como o protagonista, emilio dantas – algo inspirado no cinema (chatíssimo) de lars von trier, e muito inspirado em si mesmo, usa um galpão como cenário único para comparar jesus e lampião e dar vez ao ímpeto adolescente que queima a alma de um grupo de atores.

O filme é um exemplo do paroxismo digital a que o cinema infelizmente está condenado a repetir pelos próximos anos. uma tentativa frustrada de dar sentido ao descompromisso de gente jovem. claro que podemos chamar o que fez montenegro de “uma experiência em cinema” ou “estudo para um cinema mínimo”. mas quando as luzes se acendem, ao final do espetáculo, também podemos chamá-lo, por exemplo, de “delírio de um monomaníaco”.