Lula: Mandei mensagem para Trump agradecendo sobre Moraes e disse que há mais coisas para acertar
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Por Flávia Said e Gabriel de Sousa - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter mandado mensagem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradecendo a retirada das sanções da Lei Magnitsky. Na sexta-feira passada, 12, Trump tirou o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes da lista de sancionados pela Magnitsky. A decisão também incluiu a remoção da advogada Viviane Barci, mulher do magistrado, e do Instituto Lex, empresa administrada por Viviane com participação dos filhos do casal.
Moraes tinha sido sancionado pelo governo Trump no dia 30 de julho deste ano em um contexto de pressão das autoridades americanas para que o Supremo recuasse no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar uma organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado.
Ao SBT News, em entrevista divulgada nesta segunda-feira, 15, Lula disse gostar de respeitar e de ser respeitado. “Nós (ele e Trump) temos 80 anos, os dois. Aliás, ele é seis meses mais novo do que eu. E eu tenho falado que duas pessoas dessa idade não têm o direito de brincar. Eu, a semana passada, resolvi mandar uma mensagem para ele, (dizendo) que ele precisa liberar todos os meus ministros que ele colocou nessa lei que pune pessoas do outro país”, afirmou Lula. A entrevista foi gravada na última sexta, 12, no evento de lançamento do canal, e veiculada na noite desta segunda-feira, 15.
Em seguida, Lula disse que seus ministros de Estado estão sendo punidos “porque cumpriram a Constituição”. “E nenhum ministro, em lugar nenhum do mundo, pode ser punido porque cumpriu a Constituição de seu país”. Ele completou: “Hoje eu fico feliz quando eu recebi a notícia de que ele já tirou a punição ao Alexandre (de Moraes). Vai tirar dos outros que eu vou continuar insistindo com ele”.
Lula ainda disse acreditar que as relações Brasil-EUA vão “voltar à normalidade”. Ele lembrou que, quando aconteceu a taxação americana aos produtos brasileiros, “muita gente achou que o mundo ia acabar”. “Muita gente achou que eu tinha que falar imediatamente com o Trump. Eu falei que para tudo tem um tempo. Primeiro, esperar a água baixar. Vamos esperar a temperatura baixar e vamos conversar”, disse. O petista resgatou os primeiros encontros que teve com Trump – na ONU, nos Estados Unidos, em setembro, e na Malásia, em outubro.
“Depois tivemos um telefonema de quase uma hora. E agora essa mensagem minha com o atendimento dele. Eu já mandei uma mensagem agradecendo”, relatou.
Por fim, Lula disse ainda ter mais coisa para acertar com o americano. “Eu tenho certeza que vai dar certo. Tenho certeza que vai dar certo a nossa relação de comércio e tenho certeza que vai dar certo a nossa relação política”.
'Bolsonaro merece ser condenado, não faço julgamento sobre quantidade de anos'
O presidente repetiu que irá tomar a decisão sobre sanção ou veto do PL da Dosimetria quando o texto chegar ao gabinete da Presidência. “Quando chegar na minha mesa, eu vou estar sentado na minha mesa com Deus, e vou tomar a decisão”, afirmou.
O presidente, porém, voltou a dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria ser condenado. O petista disse que não faz julgamento sobre a quantidade de anos que ele deve cumprir pena. O projeto de lei que tramita no Congresso busca reduzir a condenação do ex-presidente imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é de 27 anos e três meses de prisão. Há cálculos que estimam que a pena cairia para dois anos e quatro meses considerando as disposições do projeto.
“Eu só acho que o cidadão que tentou dar um golpe nesse país, que tentou fazer mentira o tempo inteiro na governança dele, que é responsável pela morte de metade das pessoas que morreram de covid pela irresponsabilidade dele e nessa tentativa de golpe, tentando envolver Forças Armadas, merece ser condenado”, afirmou Lula.
Ainda sem deixar claro se irá vetar o texto que beneficiaria Bolsonaro, Lula indicou ao SBT News apenas que irá fazer o melhor para a “democracia e a autonomia entre os Poderes”. O parecer do PL da Dosimetria do relator no Senado, Esperidião Amin, deve ser apresentado nesta quarta-feira, 17, na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.