Trump optou por ter relação com Bolsonaro, não com o povo brasileiro, diz Lula

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Por POLÍTICA JB com Reuters

Lula discursa em conferência sobre a Palestina, na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista à TV norte-americana PBS, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma opção por ter uma relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e não com o povo brasileiro, e por isso nunca houve uma conversa entre os dois chefes de Estado.

Lula disse ainda que todas as pessoas que o Brasil procurou para tentar negociar, depois da imposição das tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA, tinham como resposta que essa era uma questão política, não comercial.

Ao defender o processo judicial que condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, Lula afirmou que o processo foi democrático e elogiado em todo o mundo.

"Portanto, o presidente Trump não pode colocar na mesa uma questão política quando estamos lidando com chefes de Estado", afirmou.

Brasil vai manter suspensão de exportação de material de defesa a Israel

Lula afirmou nesta segunda-feira (22) que o Brasil vai manter a suspensão da venda de materiais de Defesa para Israel e controlar importações israelenses para que não venham de áreas de assentamentos ilegais.

"O Brasil se compromete a reforçar o controle sobre importações de assentamentos ilegais na Cisjordânia e manter suspensas as exportações de material de defesa, inclusive de uso dual, que possam ser usadas em crimes contra a humanidade e genocídio", disse o presidente.

A declaração foi feita durante Conferência de Alto Nível sobre a Palestina, chamada pela França para discutir a situação da Palestina.

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou o reconhecimento do Estado Palestino em seu discurso nesta segunda e no domingo, em uma ação coordenada, Reino Unido, Austrália, Canadá e Portugal também fizeram o anúncio.

O Brasil reconheceu o Estado Palestino em 2010, ainda antes da Assembleia Geral da ONU, que o fez em 2012. Hoje, cerca de 140 países reconhecem a Palestina.

"Um Estado se assenta sobre três pilares: o território, a população e o governo. Todos têm sido sistematicamente solapados no caso palestino", disse Lula.

"Como apontou a Comissão de Inquérito sobre os Territórios Palestinos Ocupados, não há palavra mais apropriada para descrever o que está ocorrendo em Gaza do que genocídio.

O Brasil defende historicamente a chamada solução de dois Estados, com a criação de Israel e também um Estado palestino, movimento que vem crescendo desde os ataques de Israel à Faixa de Gaza, mas não é aceito pelo governo de Benjamin Netanyahu.

"Os atos terroristas cometidos pelo Hamas são inaceitáveis. O Brasil foi enfático ao condená-los. Mas o direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis", afirmou Lula.

"O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação. Tanto Israel, quanto a Palestina têm o direito de existir. Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz."