POLÍTICA

Lula denuncia 'falsos democratas' a serviço de 'reacionários'

Discurso no Mercosul também abordou clima, guerras e comércio

Por POLÍTICA JB
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Publicado em 09/07/2024 às 08:58

Alterado em 09/07/2024 às 08:58

Lula na reunião do Mercosul Foto: Ansa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rechaçou nesta segunda-feira (8), na cúpula do Mercosul em Assunção, no Paraguai, a tentativa de golpe de Estado na Bolívia e disse que "falsos democratas tentam solapar as instituições" na América do Sul.

"Há menos de 15 dias, um membro de nosso bloco sofreu uma tentativa de golpe. A democracia prevaleceu graças à firmeza do governo boliviano, à mobilização do seu povo e ao rechaço da comunidade internacional", disse o petista.

Segundo Lula, a reação "unânime" tanto ao golpe fracassado de 26 de junho na Bolívia quanto à insurreição bolsonarista de 8 de janeiro de 2023 no Brasil "demonstra que não há atalhos na democracia em nossa região".

"Mas é preciso permanecer vigilante. Falsos democratas tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. Enquanto nossa região seguir entre as mais desiguais do mundo, a estabilidade política permanecerá ameaçada", ressaltou o mandatário.

Em pronunciamento de 14 minutos, Lula também defendeu uma "ambiciosa agenda comercial externa" para o Mercosul e culpou a União Europeia pela não assinatura do acordo entre os dois blocos. "Só não concluímos o acordo com a União Europeia porque os europeus ainda não conseguiram resolver suas próprias contradições externas", destacou.

O presidente ainda afirmou esperar um aprofundamento do diálogo para um "acordo abrangente" com a China e defendeu a criação de um "sistema de pagamento em moeda local", em substituição ao dólar nas transações internacionais.

Clima e guerras

Em seu discurso, o líder brasileiro voltou a pedir uma solução negociada para o conflito entre Rússia e Ucrânia que "efetivamente envolva as duas partes" e denunciou a "matança indiscriminada de mulheres e crianças em Gaza" por parte de Israel.

"Precisamos de um mundo de paz", afirmou Lula em Assunção. Outro tema de seu pronunciamento foi a crise climática que, segundo ele, aproxima o mundo "muito rapidamente de um cenário catastrófico".

"No último um ano e meio, vivemos secas históricas na Amazônia, nos pampas e no Pantanal brasileiro e boliviano, que também padeceram com incêndios nos últimos dias. Há poucas semanas, o Rio Grande do Sul sofreu enormes perdas humanas e materiais com uma inundação sem precedentes", declarou o presidente, fazendo um apelo por "maior engajamento e ambição climática".

"Somos o continente com a maior floresta tropical e as maiores reservas de água doce no mundo. Temos autoridade moral para nos fazer ouvir e a responsabilidade histórica de liderar pelo exemplo", ressaltou o petista, que citou a COP30, em 2025, em Belém, como uma "oportunidade" para o Mercosul "apresentar uma visão coletiva sobre o desafio do desenvolvimento sustentável".

Lula encerrou o pronunciamento com uma menção à vitória da esquerda nas eleições legislativas na França e no Reino Unido. "Ambas são fundamentais para a defesa da democracia e da justiça social contra as ameaças do extremismo", concluiu. (com Ansa)

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