POLÍTICA

Nas vésperas da viagem de Lira à China, Câmara 'desaparece' com frente parlamentar Brasil-Taiwan

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) está em Nova Deli, na Índia. De lá, seguirá à China, para se reunir com políticos e empresários a fim de tratar sobre investimentos no Brasil

Por POLÍTICA JB
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Publicado em 14/10/2023 às 09:45

Pedido seguirá para despacho do presidente Arthur Lira Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Na véspera da chegada do presidente Arthur Lira ao território chinês, a Câmara dos Deputados fez desaparecer a Frente Parlamentar Brasil-Taiwan, que já havia sido instalada por determinação do próprio Lira.

Segundo o jornal "O Globo", a Frente Parlamentar Brasil-Taiwan foi formada com o apoio de 213 deputados, mais do que o mínimo de 198 exigido pelo regimento da Câmara, e seu registro foi determinado pelo próprio Lira no último dia 28, conforme mostra um despacho do líder do parlamento.

No entanto, o documento não chegou a ser publicado no Diário Oficial da Câmara dos Deputados, mas constava oficialmente na relação de frentes já instaladas no site da Casa. Contudo, desapareceu na semana passada.

Na quarta-feira passada (4), aconteceu um almoço de 100 parlamentares apoiadores da frente em Brasília com o representante de Taiwan no Brasil, Diego Wen.

O almoço foi marcado para celebrar antecipadamente a Data Nacional de Taiwan, comemorada em 10 de outubro, mas também serviria para anunciar oficialmente a instalação da frente parlamentar.

Porém, um dia antes do evento, o gabinete do deputado federal Junior Amaral (PL), que lidera a iniciativa, constatou que a frente havia sumido do site da Casa e retornado ao status de "aguardando despacho do presidente da Câmara dos Deputados", mesmo Lira já tendo assinado esse documento no dia 28.

"Nunca vi isso. A partir do momento em que as assinaturas são coletadas e você protocola, não cabe ao presidente da Câmara nenhum outro tipo de análise. A gente acha que pode ter havido algum tipo de pressão", disse Amaral ao jornal.

Apesar do deputado não querer especular de onde partiu a pressão, integrantes da frente dão como certo que o governo chinês exigiu de Lira a extinção do grupo. O presidente da Câmara, por sua vez, preferiu não confrontá-los a poucos dias da viagem.

Entre os objetivos do grupo estão "estreitar as relações de amizade" entre Brasil e Taiwan, além de "incentivar o intercâmbio" econômico, cultural, social e comercial entre as duas nações e "promover a aproximação entre os parlamentares".

A embaixada da China no Brasil não comentou a extinção da frente parlamentar e nem confirmou ter pressionado Lira.

Pequim enxerga Taiwan como integrante da política de "Uma Só China", e parte inalienável do território chinês, com o governo da República Popular da China sendo o único governo legítimo que representa toda a China. (com Sputnik Brasil)

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