Advogado de Cid recua e diz que confissão não responsabilizará Bolsonaro por venda de joias
Segundo reportagem da Veja, Cezar Bitencourt informou que Cid confessaria que dinheiro arrecadado foi enviado ao ex-presidente
Menos de 24 horas após confirmar a veículos de imprensa que o tenente-coronel Mauro Cid iria responsabilizar seu ex-chefe Jair Bolsonaro (PL) pela venda - ou apropriação - indevida de presentes milionários recebidos em viagens oficiais, o advogado Cezar Roberto Bitencourt deu a entender que se arrependeu da estratégia.
Em nova versão apresentada ao Estadão, em mensagem enviada na madrugada desta sexta-feira (18), ele agora afirma não ter falado sobre as transações envolvendo as joias recebidas pelo ex-presidente por delegações estrangeiras. “Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja não se falou em joias [sic]”, escreveu.
A objeção ocorre em consequência à reportagem publicada pela Veja, na noite desta quinta, que noticiou uma suposta confissão de culpa por parte de Cid, provocada por "obediência hierárquica a Bolsonaro". Segundo a matéria, o ex-ajudante de Ordens da Presidência da República iria afirmar que o dinheiro arrecadado foi enviado ao ex-presidente, o que pode configurar peculato e lavagem de dinheiro.
Além da Veja, o advogado também reiterou o teor da nova linha da defesa a outros veículos, como o jornal O Globo.
"A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro”, afirmou o defensor, de acordo com a publicação. "Mas o dinheiro era do Bolsonaro", prosseguiu ele.
Bittencourt assumiu a defesa de Cid na terça-feira (15), após Bernardo Fenelon abandonar o caso por 'quebra de confiança'. Um dia depois, ele deu indícios de que a linha de defesa seria mostrar que o tenente-coronel apenas cumpria ordens, mesmo “ilegais e injustas”.
“Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa”, disse o advogado, em uma entrevista concedida à GloboNews.
Também estão envolvidos no desvio das joias o pai do tenente-coronel, o general da Reserva Mauro Cesar Lourena Cid, o segundo tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef. A corporação estima que o esquema tenha rendido R$ 1 milhão.
Com Estadão