POLÍTICA
Ex-vereador que testemunhou no caso Marielle é executado junto do irmão no Rio
Por Gabriel Mansur
redacao@jb.com.br
Publicado em 07/08/2023 às 20:18

O ex-vereador carioca Zico Bacana, nome político de Jair Barbosa Tavares, foi executado a tiros em uma padaria em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira (7). O irmão dele, Jorge Tavares, que o acompanhava, chegou a ser encaminhado ao Hospital Carlos Chagas após ser baleado, mas não resistiu e também morreu. A polícia ainda confirmou uma terceira vítima baleada nas costas e no pé, mas a identidade não foi divulgada e não há maiores informações sobre seu estado de saúde.
Um carro passou atirando na esquina das ruas Eneas Martins com Francisco Portela. O ex-vereador, que estava com um segurança, foi atingido na cabeça e morreu antes de chegar ao Hospital Municipal Albert Schweitzer. Horas mais cedo, ele havia publicado stories em sua conta no Instagram nas ruas de Guadalupe, correndo e visitando obras da prefeitura.
Em 2018, Zico chegou a ser ouvido como testemunha nas investigações sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Não há indícios de qualquer participação dele no crime.
"Informei o máximo que pude, da melhor forma. O que fizeram com a nossa colega não era para acontecer. Peço para que as pessoas que saibam alguma coisa que liguem para o Disque Denúncia. O anonimato é garantido. Vamos ajudar. Faço parte da cúpula da Polícia Militar e estou nessa para defender a conduta da menina, que Deus a tenha. Me colocaram nisso", afirmou.
Bacana, que foi vereador do Rio entre 2017 e 2020 pelo PHS, já tinha sofrido uma tentativa de homicídio em novembro de 2020, quando estava em um ato de campanha para reeleição. Na ocasião, ele afirmou, em entrevista ao Bom Dia Rio, que foi baleado de raspão na cabeça em um bar em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte.

Os dois atentados têm um ponto em comum: ocorreram em áreas controladas pela mílicia. A coincidência torna-se relevante visto que Bacana foi investigado pela CPI das milícias, da qual Marielle era assistente parlamentar de Marcelo Freixo, em 2008, e chegou a ser citado como chefe de uma milícia. Em entrevista ao Profissão Repórter, ele negou a acusação
"Negativamente. Nunca. Nunca fiz parte (...) O policial militar é perseguido por usar farda e estar sempre no dia a dia com a população, é o que mais é visado", disse.
Apesar da negativa, as acusações indicam que ele controlava uma milícia na comunidade Eternit, em Guadalupe, e que teria ligações com a milícia da Palmeirinha, em Honório Gurgel, que seria controlada pelo também PM Fabrício Fernandes Mirra, o "Mirra". Zico Bacana nunca foi condenado pelo crime.

Em seu perfil nas redes sociais, ele se apresentava como paraquedista e policial militar.