Promotor de Justiça que comparou advogada a cadela entra na mira da OAB; veja vídeo
Para a Ordem, a atitude do promotor demonstra "completo desrespeito e desconsideração pela dignidade da profissão advocatícia
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que um promotor de Justiça do Amazonas, identificado como Walber Luís do Nascimento, disse, durante audiência na 3ª vara do Tribunal do Júri do Estado, que comparar a advogada criminalista Catharina de Souza Cruz Estrela a uma cadela é uma "ofensa" ao animal. O caso aconteceu na terça-feira (12), no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, mas só veio à tona nesta quarta após forte repercussão nas redes sociais.
“Se tem uma característica que o cachorro tem, Dra. Catharina, é lealdade. Eles são leais, são puros, são sinceros, são verdadeiros. E, no quesito lealdade e me referindo especificamente a vossa excelência, comparar a vossa excelência com uma cadela, de fato, é muito ofensivo. Mas não a vossa excelência, à cadela”, disse o promotor.
No vídeo, a advogada pede a intervenção do juiz para que repreenda o promotor. Ao fundo, é possível ouvir que o juiz se manifesta, mas o conteúdo não é audível na gravação. O promotor pontuou, ainda, que a advogada entendeu o que ele quis dizer, explicando o contexto da fala, mas que as suas palavras foram "deturpadas".
"Eu disse que os cachorros eram fiéis, leais. E levando em consideração a lealdade, eu não poderia fazer essa comparação [da advogada] com uma cadela, porque senão estaria ofendendo a cadela", falou.
Após a repercussão, Catharina se pronunciou por meio de um vídeo nas redes sociais. Ela disse que não precisava passar por isso no exercício da advocacia e que o juiz, ao ver as ofensas, nada fez.
"Hoje fui ofendida no meu trabalho. O juiz nada fez para impedir, então aqui está a nossa classe mostrando a unidade e pedindo respeito para que isso não ocorra com outra advogada. Eu não precisava passar por isso no exercício da minha profissão", desabafou a advogada.
A Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), entidade que representa o Ministério Público estadual, alegou que apresenta seu total e irrestrito apoio ao promotor de justiça, destacando "a importância de sua atuação firme, urbana e técnica no plenário do Tribunal do Júri, especialmente na defesa dos direitos das vítimas de crimes em razão de gênero, e o desagrava pelas distorções produzidas pela defesa dos réus durante o julgamento, pois, em momento algum, houve, por parte do representante ministerial, a prática das condutas injustamente imputadas a ele."