'Bolsonaro é o cara', escreveu Epstein em mensagens de 2018
Arquivos revelam mensagens em que criminoso sexual condenado cita ex-presidente com entusiasmo e recomenda tratá-lo com cuidado em possível contato
Por Guilherme Paladino - Novos documentos do milionário e criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein, morto em 2019, mostram que ele se referia ao então candidato Jair Bolsonaro (PL) em termos elogiosos durante a campanha de 2018. Nas mensagens divulgadas por parlamentares democratas da Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Epstein descreve Bolsonaro como “the REAL deal”, expressão traduzida como “Bolsonaro é para valer” ou “Bolsonaro é o cara”. A informação foi noticiada primeiramente pela coluna de Andreza Matais com André Shalders no Metrópoles.
A referência aparece em e-mail enviado por Epstein em 21 de setembro de 2018, às 11h55, semanas antes de Bolsonaro vencer o segundo turno contra Fernando Haddad (PT).
Outra mensagem envolvendo o ex-presidente brasileiro aparece meses mais tarde, em 9 de fevereiro de 2019, quando Epstein já estava próximo de ser novamente preso. No e-mail, ele escreve: “Sim, ele gostaria disso. A esposa dele é brasileira, portanto seja gentil ao tratar do Bolsonaro.”
O texto sugere que Epstein estava articulando algum tipo de contato ou apresentação entre interlocutores. Ele segue: “Eles são amigos do Lula. Mas ele é uma figura icônica e você não deveria deixar passar a oportunidade de conversar com ele sobre história e política. Vou conectar vocês por e-mail. Aí vocês podem coordenar diretamente.”
Não está claro quem era o destinatário da mensagem nem qual seria o contexto da aproximação proposta.
Menções a Lula aparecem, mas Secom nega ligação
Os documentos também trazem mensagens envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma delas, enviada no mesmo dia 21 de setembro de 2018, às 6h33, Epstein afirma: “Chomsky me ligou com Lula, da prisão. Que mundo”.
A Secretaria de Comunicação da Presidência, porém, afirma que o relato “não procede”. Segundo nota enviada à coluna do Metrópoles, “a citada ligação telefônica nunca aconteceu”.