INFORME JB

Por Jornal do Brasil

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Loja Duty Free acusada de praticar racismo contra Vilma Nascimento, entidade imortal do samba carioca

Dona Vilma, de 85 anos, a mais famosa porta-bandeira de todos os tempos, estava em Brasília a convite do presidente Lula, que a homenageou no Dia da Consciência Negra

Por MARCIO. G
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Publicado em 23/11/2023 às 18:20

Alterado em 23/11/2023 às 22:22

Fachada da loja Duty Free em Brasília Foto: reprodução

Um dos nomes mais famosos da cultura brasileira, Vilma Nascimento, personagem das mais icônicas da escola de samba Portela, foi vítima de racismo na loja Duty Free, no aeroporto de Brasília. O caso veio a público nesta quinta-feira (23).

Aos 85 anos, ela, moradora de Madureira,  regressava de uma cerimónia no Congresso Nacional, onde foi homenageada no âmbito do Dia da Consciência Negra. Danielle Nascimento, filha de dona Vilma, descreveu a cena como "vergonhosa":

"Eu e minha mãe passamos por uma situação humilhante, que não deveria existir mais no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo. Eu fui comprar chocolates para meu marido e meu filho no Duty Free do Aeroporto de Brasília, depois da minha mãe, Vilma Nascimento, ter sido homenageada no dia da Consciência Negra. Comprei os chocolates, paguei, e quando estávamos passando novamente pela porta da loja, a fiscal Daniela me abordou dizendo que eu peguei produto da loja sem pagar, e pediu para acompanhá-la. No meio do caminho ela recebeu informação pelo rádio de que era para revistar a bolsa da minha mãe."

Dona Vilma Nascimento ao ser revistada
Foto: reprodução

Danielle tentou ligar para a polícia, para registrar o ocorrido, mas o nervosismo e o inusitado da cena a impediram de prosseguir, chocada que estava ao ver a mãe, reverenciada por onde passa, aos 85 anos, passar por tamanha humilhação.

A revista na bolsa de dona Vilma se deu na frente dos outros clientes da loja.

“Minha mãe ficou surpresa, revoltada e envergonhada porque a revista ainda foi no meio da loja na frente de clientes e outras pessoas. Foi muito constrangedor. Revoltante. Eu fazia perguntas, a fiscal não respondia, pedia para chamar a polícia, polícia não apareceu. Tivemos que ir embora para não perder o nosso embarque, que quase perdermos… corri chorando até o portão 43 da Latam na frente da minha mãe, que seguia devagar porque, além de 85 anos de idade, ainda tinha levado um tombo nas vésperas da viagem. Entrei no avião lotado aos prantos, com todos me olhando. Foi uma humilhação que nem eu, nem a minha mãe, imaginávamos passar nessa vida. Estamos tristes e traumatizadas até agora. Foi um absurdo. Cheguei a perguntar se ela estava fazendo isso conosco por causa da nossa cor."

Dona Vilma Nascimento, vestida como rainha que é, ao receber homenagem do presidente Lula
Foto: reprodução da internet

Não é preciso dizer que a representante da Duty Free, que também é negra, nada encontrou na bolsa da dona Vilma, além dos seus próprios pertences.

O caso ganhou enorme repercussão nas redes sociais, veja abaixo. O mestre Paulinho da Viola classificou o fato como "inaceitável".

Procurada por este Informe JB, a loja Duty Free não se pronunciou.

 


 


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