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Cid confessa à PF que Bolsonaro deu ordens para fraudar cartões de vacina dele e da filha

Após delação que o incrimina, ex-presidente teria decidido se afastar definitivamente da família Cid

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 24/10/2023 às 14:04

Alterado em 24/10/2023 às 21:24

Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid Reprodução

Em mais uma delação à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-braço direito de Jair Bolsonaro (PL), confessou que o ex-presidente deu ordem para ele fraudar os certificados de vacinação contra a Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde.

A fraude, de acordo com o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, beneficiaria o então chefe do Executivo e sua filha caçula, Laura Bolsonaro, de 13 anos. A informação foi revelada pelo colunista Aguirre Talento, do Uol, nesta segunda-feira (24).

Em uma das dezenas de oitivas concedidas no âmbito da delação premiada, o militar assumiu sua participação e também implicou o ex-patrão no esquema. De acordo com a reportagem, Cid teria dito que providenciou a documentação após Bolsonaro solicitar a confecção de cartões de vacinação falsos em seu nome e de Laura.

Após a ordem, os dados falsos de Bolsonaro e sua filha foram inseridos no sistema do MS, em 21 de dezembro de 2022, em conluio com funcionários da Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Foram lançadas falsamente, em nome deles, duas doses da vacina Pfizer, por meio da inserção de dados realizada às 18h59 e 19h daquele mesmo dia.

A principal hipótese é que as documentações tenham sido emitidas para que o então presidente e sua filha não fossem barrados ao sair do Brasil, em 30 de dezembro, uma vez que os Estados Unidos (para onde ele fugiu após os planos de golpe de estado fracassarem) exigiam comprovante de vacinação ou a realização de teste negativo do coronavírus.

Além dos documentos do ex-presidente e da filha, o militar também teria fraudado os certificados de vacinação para ele mesmo e para sua família, para que pudessem acompanhar o ex-chefe nos EUA.

Procurado pelo Uol, o advogado e ex-ministro de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, negou as acusações feitas por Cid. “Eu garanto que o presidente nunca pediu nem pra ele, nem para a filha dele. Até porque o mundo inteiro conhece a posição dele sobre as vacinas, e o visto dele, como presidente da República, não necessitava de comprovante de vacina”, disse.

As declarações do ex-ajudante de ordens também contrariam a versão apresentada pelo próprio Bolsonaro à PF. Em maio, o ex-presidente declarou que não conhecia e nem orientou fraudes em cartão de vacinação para seu uso ou de familiares.

Relação rompida

Após a divulgação do trecho da delação nesta segunda, Bolsonaro teria decidido se afastar definitivamente da família Cid. De acordo com a Revista Fórum, ele vinha tentando uma reaproximação com o general Mauro Cesar Lourena Cid, amigo de longa data e pai do ex-ajudante de ordens, que também está envolvido até o pescoço em outro suposto crime cometido a mando do ex-chefe de Estado, o de apropriação - e venda - ilegal de joias recebidas em viagens oficiais para enriquecimento ilícito.

O ex-presidente teria, inclusive, sido informado pelo pai do tenente coronel que ele não estaria no centro das delações. No entanto, Bolsonaro não acredita mais no amigo, com quem estudou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) nos anos 1970.

Depois do vazamento, Bolsonaro e seu entorno se preparam para o embate judicial com Cid, acreditando que realmente é a figura principal da delação do militar.

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