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Melhor humana! Rebeca Andrade leva a prata e só perde para 'extraterrestre' Simone Biles no Mundial de Ginástica

Após ausência em 2022 por problemas de saúde, americana volta com tudo e garante o hexa; pela primeira vez, o pódio no individual geral é formado 100% por atletas pretas

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 06/10/2023 às 22:37

Alterado em 06/10/2023 às 22:40

Rebeca Andrade, Simone Biles e Shilese Jones Foto: Ricardo Bufolin/CBG

A brasileira Rebeca Andrade entrou no Mundial de ginástica artística nesta sexta-feira (6), na Antuérpia, cidade da Bélgica, para defender o título no individual geral - prova mais nobre da competição - conquistado no ano passado. E por muito pouco ela não se manteve no topo. Faltou combinar com a ginasta mais condecorada da história: a norte-americana Simone Biles, que não disputou o Mundial de 2022 por conta de uma depressão.

Campeã mundial e olímpica, a verdade é que Rebeca Andrade deu show. Pequenos erros na trave e um passinho para fora na última acrobacia do solo a impediram de se aproximar de Simone, mas não tiraram da brasileira a prata. Somou 56,766 pontos, superando o duelo com Shilese Jones. A americana, vice-campeã no ano passado, acabou com o bronze somando 56,332 pontos.

Pela primeira vez, Simone e Rebeca, as duas principais estrelas da ginástica artística da atualidade, dividiram um pódio em uma prova individual. Shilese Jones completou o primeiro pódio 100% de mulheres pretas. A brasileira Flávia Saraiva acabou na 15ª posição depois de ter sofrido duas quedas.

Biles amplia recorde

Entre as humanas, Rebeca foi a melhor. Isso porque Simone Biles fez uma competição à parte, como de costume. Ela nem precisou apresentar seu novo salto homologado, o Yurchenko Double Pike. Se deu ao luxo de tropeçar no solo, uma cena raríssima que não a afetou de forma alguma. A americana de 26 anos, que já era recordista de títulos mundiais no individual geral, estendeu seu reinado para seis ouros só nesta prova, somando 58,399 pontos. No total, são 21 medalhas de ouro.

Para se ter uma ideia do tamanho da dinastia de Biles, a brasileira Rebeca Andrade, com a prata desta sexta-feira, chegou a seis medalhas no total, incluindo ouro, prata e bronze, além de todas as outras provas, isolando-se como recordista do país na história. Bicampeão mundial do solo, Diego Hypolito detinha o recorde antes do Mundial da Antuérpia, com cinco conquistas.

Mais chances de medalhas

Depois de conquistar a prata inédita por equipes femininas na quarta-feira e a prata do individual geral nesta sexta, o Brasil ainda tem mais cinco chances de pódio no Mundial da Antuérpia.

No sábado, às 9h (de Brasília), Rebeca está na final do salto, aparelho em que é a atual campeã olímpica. No domingo, também às 9h, Rebeca está na decisão da trave e do solo. Flavinha está na final do solo. Em todas as categorias, as brasileiras vão ter Simone Biles como adversária. Arthur Nory fecha o Mundial na decisão da barra fixa.

A final

Primeira rotação
As favoritas ao título começaram no salto. Simone Biles optou por não apresentar o novo salto que homologou na classificatória do Mundial. Mas também não foi necessário. Em vez do Yurchenko Double Pike, fez um Cheng cravado e conseguiu 15,100 pontos. Também com um Cheng, Rebeca voou tão alto quanto, só deu um passo para o lado na chegada e tirou 14,700. Flavinha fez um bom Yurchenko com dupla pirueta e tirou 13,833, acabando a primeira rotação na nona posição. À frente de Simone e Rebeca, só mesmo a argelina Kaylia Nemour, que deu show nas barras assimétricas, aparelho em que é especialista: 15,200.

Segunda rotação
As barras assimétricas foram traiçoeiras. Já haviam derrubado a francesa Mélaine de Jesus, que saiu da briga por medalhas com uma queda, e repetiram a dose com Flávia Saraiva. A brasileira não conseguiu agarrar a barra superior em um giro e caiu de peito no colchão. Com a penalização de 1 ponto, ela recebeu 12.633 e saiu da disputa pelo pódio.

Rebeca veio em seguida e cravou, inclusive, a saída, melhorando sua nota nas assimétricas pela segunda vez no Mundial e chegando a 14.500, nota que, feita nas eliminatórias, a teria classificado em quarto à única final por aparelhos que ela não vai disputar. Como Biles tirou só 14.333, a diferença entre elas caiu para 0,233 a favor da norte-americana.

Terceira rotação
Simone Biles abriu a disputa da trave com um notão em uma série muito difícil: 14,433. Rebeca teve pequenos desequilíbrios, mas se manteve firme na trave e conseguiu 13,500 pontos, caindo para a terceira posição. Shilese Jones cravou sua série e tirou 14,066 pontos, passando a brasileira por pouco mais de dois décimos. Flavinha se recuperou da queda nas barras com uma grande série no seu principal aparelho. Conseguiu 14,033 na trave e subiu para a oitava posição.

Quarta rotação
Rebeca deu show no solo e aumentou a nota de dificuldade com um triplo giro. Só na última acrobacia acabou pisando fora do tablado e teve um desconto de três décimos. Ainda assim, conseguiu 14,066 pontos, um notão para se garantir no pódio.

A seleção brasileira ainda protestou, mas a arbitragem não alterou a nota. Nem precisou. Shilese Jones cometeu falhas no solo e só conseguiu 13,400, ficando com o bronze e deixando a prata nas mãos de Rebeca.

O ouro já estava nas mãos de Simone Biles, que deu um show no solo com acrobacias muito altas. Em uma cena rara, ela tropeçou e quase caiu em um elemento simples. Ainda assim, tirou 14,533 para selar o hexa do Mundial. 

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