EDUCAÇÃO

CCJ da Alerj vota nesta semana projeto de lei que visa extinguir a UERJ

Bolsonarista Anderson Moraes (PL) argumenta que a universidade tem um ‘nítido aparelhamento ideológico com viés socialista’

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 04/09/2023 às 22:07

Alterado em 04/09/2023 às 22:17

Uerj foi inaugurada em 1950 Foto: Divulgação Uerj

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), presidida pelo deputado bolsonarista Rodrigo Amorim (PTB), que ganhou fama em 2018 por quebrar uma placa em homenagem à Marielle Franco, colocou em pauta um projeto de lei que visa extinguir a Uerj e transferir a oferta de vagas para as instituições privadas.

Trata-se de uma pauta antiga na Casa Legislativa do estado. O projeto de lei, de autoria do deputado Anderson Moraes (PL), foi protocolado em 25 de maio de 2021.

O parlamentar sustenta, entre outros impropérios, que a universidade, fundada em 1950, é um dos órgãos estaduais que causa maior impacto no orçamento estadual, "concentrando milhões de reais do pagador de imposto numa estrutura pesada e com resultados contestáveis”. Segundo ele, cada aluno da Uerj teria um custo mensal de R$ 4.523, excluindo o Hospital Pedro Ernesto, o que elevaria para mais de R$ 5 mil por aluno.

O texto ainda estabelece a cessão onerosa dos bens móveis e imóveis para a iniciativa privada. O deputado propõe também que os bens que não puderem ser vendidos sejam transferidos para outras universidades estaduais, como a Fundação Centro Universitário da Zona Oeste do Rio de Janeiro (UEZO) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).

Atacar a educação brasileira, especialmente as universidades, é um projeto que vem sendo colocado em prática pela extrema-direita. Nos últimos meses, membros do MBL, por exemplo, invadiram campus universitários em Santa Catarina, São Paulo e Paraná, causando confusão e criando falsas narrativas sobre a rede pública - e até privada - de ensino.

Na justificativa, o bolsonarista repete discursos reacionários e também tenta descredibilizar a universidade, citando o “nítido aparelhamento ideológico de viés socialista na Universidade, com clara censura ao pensamento acadêmico de outras linhas de visão de mundo”.

"É comum na estrutura do equipamento público pichações, cartazes e faixas agredindo e intimidando outras linhas de pensamento, como os conservadores e o liberais com representatividade popular predominante na sociedade fluminense mas ferozmente atacados e oprimidos, promovendo-se um total aparelhamento ideológico-político e até partidário, para a corrente de "esquerda" e seus candidatos, extrapolando a liberdade de expressão e gerando violência psicológica e até física ao ambiente acadêmico”, diz Moraes.

Causa estranheza que, não há muito tempo, nas eleições de 2016, Moraes foi candidato a vereador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). "Comunistas" e "esquerdistas" são termos usados pelo deputado no vídeo para tentar desqualificar o posicionamento político de professores e estudantes da UERJ.

A votação revoltou movimentos estudantis e a ala progressista da política fluminense. Veja as reações:

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