Polícias prendem quatro pessoas por dia, em média, por planos de atentados contra escolas

Operação Escola Segura foi deflagrada em 5 de abril, após atentado a creche de Blumenau

Por JORNAL DO BRASIL

Crescimento de casos de violência em ambientes de aprendizado motivou criação da Operação Escola Segura

Mais de 300 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos, foram presas ou apreendidas pelas forças policiais de todo o Brasil em decorrência da Operação Escola Segura, que visa desmantelar eventuais planos de ataques às escolas e evitar, assim, novos massacres em ambientes de aprendizado no país. No total, são 368 detenções desde 5 de abril. Significa que, em média, são efetuadas quatro prisões por dia.

A operação foi deflagrada após o atentado a uma creche de Blumenau, em Santa Catarina, quando um homem de 25 anos pulou o muro do colégio e matou quatro crianças, entre quatro e sete anos, com uma machadinha.

De acordo com um relatório do Ministério de Justiça e Segurança Pública, apresentado pelo ministro Flávio Dino durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, outras 1.595 crianças, adolescentes e suspeitos, no geral, foram conduzidos às delegacias. O levantamento ainda mostra 901 solicitações de preservação e remoção de conteúdos em plataformas de redes sociais e 384 solicitações de dados cadastrais em plataformas de redes sociais.

Todo esse trabalho levou à geração de 3.396 boletins de ocorrências e a um total de 2.830 casos em investigação.

“Há psicopatas, sim, que cometem esses crimes nas escolas, mas, para além dos psicopatas, temos um ambiente social e institucional que empurra essas pessoas para o cometimento de crimes. Vejamos o que aconteceu na tragédia mais recente, em Cambé, no Paraná. Foi protagonizada por um cidadão com o engajamento de outros”, disse o ministro.

'Doença social'

Para Dino, o fato das ocorrências se repetirem com uma infeliz frequência derruba por terra a ideia de que se trata de casos isolados.

"Torna-se evidente uma espécie de doença social. E isso se materializa com o uso de símbolos ligados ao neonazismo, pelo estímulo a práticas criminosas e mau uso da internet. A cada tragédia, além da solidariedade e do carinho com as famílias, temos que afirmar um caminho. Só é possível tratar desses casos tendo cuidado com os jovens e analisando as raízes sociais e institucionais que estão levando a uma situação inédita no Brasil: discurso de violência, armamentismo irresponsável e uso errado da internet", declarou.

Edital

O ministro citou, ainda, os números relacionados ao Edital Escola Segura. Foram recebidas cerca de 700 propostas dos municípios até o prazo limite do edital. Desse montante, foram selecionadas 231 propostas que alcançaram um valor de R$ 210 milhões, provenientes do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). O valor será ofertado aos estados e municípios, que têm a competência constitucional para fazer o patrulhamento ostensivo.

“Estamos tentando uma forma de aprovar os R$ 210 milhões para apoiar mais projetos em todo o país. De um modo geral, as iniciativas municipais visam à obtenção de equipamentos, veículos, armamentos e câmeras, mas há projetos voltados, também, para a formação dos profissionais de segurança pública e, ainda, para o fortalecimento de guardas municipais, uma ideia apoiada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública”, ressaltou o ministro.

Operação Escola Segura

A Operação Escola Segura atua com ações preventivas e repressivas 24 horas por dia. Estão trabalhando de forma integrada 51 chefes de delegacias de investigação e 89 chefes de agências de inteligência de Segurança Pública (Polícias Civis e Polícia Militar).

O trabalho é permanente e foi intensificado, envolvendo não só os profissionais da Diretoria de Operações Integradas e Inteligência (Diop/Senasp/MJSP), como profissionais lotados nas delegacias de investigação de crimes cibernéticos e que estão envolvidos diretamente nesta atuação, conjugando profissionais que monitoram intensamente todas as redes.