BRASIL

Mães solo têm mais dificuldade para entrar no mercado de trabalho

Pesquisa da FGV mostra que número de filhos sem pai aumentou 17,8% na última década

Por JORNAL DO BRASIL
redacao@jb.com.br

Publicado em 14/05/2023 às 13:33

Alterado em 14/05/2023 às 13:45

O estudo indica que a maior parte dessas mães, pouco mais de 70%, vivem apenas com seus filhos Reprodução

Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o número de mães solo, aquelas que cuidam sozinhas de seus filhos, aumentou 17,8% na última década, passando de 9,6 milhões em 2012 para 11,3 milhões em 2022.

O estudo indica que a maior parte dessas mães, pouco mais de 70%, vivem apenas com seus filhos, são formadas por mulheres negras, número de quase 7 milhões, e estão no Norte e Nordeste do país.

Esta situação, de acordo com a pesquisa, gera ainda mais dificuldades para o ingresso dessas mulheres no mercado de trabalho. Janaína Feijó, responsável pelo estudo, resume a dificuldade enfrentada por essas mães.

“Essa mãe praticamente não tem com quem contar, ela não tem uma rede de apoio e ela não conta também com o cônjuge, que faz com que a sobrecarga da maternidade recaia muito mais forte sobre a mãe nestas condições”, avaliou.

Janaína também ressalta que esses números refletem em um menor nível de instrução dessas mulheres e em dificuldades para se equiparar aos homens no mercado de trabalho.

O problema é ainda mais alarmante para as negras. Mais da metade delas, 58,7%, tem no máximo o ensino fundamental completo, sendo que apenas 8,9% concluíram o nível superior.

“As ocupações que remuneram mais, elas demandam maior nível educacional, e também que o empregado trabalhe uma maior quantidade de horas. No caso, no contexto de uma mãe solo, ela não vai ter o nível educacional requerido pelas boas oportunidades, como ela também vai ter dificuldade de conciliar a jornada de trabalho. Então muitas dessas mulheres encontram na informalidade a única forma de conciliar maternidade e responsabilidade familiar”, disse Janaína.

O estudo também aponta a relação entre idade e presença na força de trabalho. De todas as mães solo entre 15 e 60 anos, 7,2% estão desempregadas e 63,3% estão ocupadas. No caso de mulheres com filhos de até 5 anos, esse panorama piora: as chances delas estarem fora da força de trabalho aumenta para 32,4% e de estarem desempregadas sobre para 10%.

Datafolha: metade das mães são solo

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (13), mais da metade das mães brasileiras é solteira, viúva ou divorciada, 55% do total.

A pesquisa aponta que 69% das mulheres no país são mães com idade média de 43 anos e que têm ao menos um filho. Entre as mães solo, o Datafolha constatou que 18% estão desempregadas. Já entre as casadas ou com companheiro, a proporção cai para 8%.

O levantamento escutou mulheres em 126 cidades brasileiras que têm acima de 16 anos entre os dias 9 e 13 de janeiro deste ano. Ao todo, foram realizadas 1.042 entrevistas.