Palavras fortes em vez de tendências

Por IESA RODRIGUES

Jaqueta jeans e calça de seda do projeto Tropicycling da Erica Rosa, com pinturas de Ricardo Pinto

Upcycling, colab, resíduos, reuso: estas são palavras-chave, que substituem as tradicionais expectativas de tendências de consumo e comportamento. Principalmente em roupas e acessórios. Não se admite mais a sobra de matérias-primas na indústria da moda, considerada a segunda mais poluente do planeta. E acabou a vergonha de usar a mesma roupa mais de uma vez.

Lingerie vira fantoche

Um exemplo no mínimo fofo é da Monthal, empresa de homewear de Nova Friburgo, engajada em três projetos sustentáveis. O primeiro é o Reboard , em que a marca de Eleonora Erthal transforma resíduos de tecidos e peças descartadas em anéis, armações de óculos, bancos, mesas e pulseiras. Outro projeto é com a marca Zóia, de acessórios contemporâneos. Juntas, as empresas criaram a coleção Tangram Colab, um kit sustentável composto por sete peças de vestir e sete de acessórios, que se combinam, unindo os tecidos sintéticos da Monthal e as cerâmicas plásticas recicladas da Zóia. E o terceiro projeto é o Monthal Lúdica, que distribui fantoches feitos com as sobras de tecidos, aproveitando a mão de obra local. Os bonequinhos são entregues e alegram as crianças das escolas públicas da região.

“Acreditamos que um mundo melhor e mais justo começa pela educação e enquanto uma empresa que acredita na mão de obra local e no desenvolvimento sustentável, estamos sempre pensando em novos caminhos para fazer do mundo um lugar melhor” afirma Eleonora Erthal , diretora criativa da marca, que ainda arranja um jeito de produzir clutches e necessaires com Ongs de artesanato, também aproveitando sobras dos belos tecidos das camisolas da Monthal.

Os três Rs

Reusar, ressignificar, reformar são os focos da Erica Rosa, adepta do consumo consciente. Graduada pelo IED do Rio e de Florença (Itália), Erica abriu a marca há três anos, com ateliê e loja na Avenida Atlântica.

Com a pandemia, vendas e produção deram uma parada. A saída foi criar o movimento Tropicycling, que aproveitou modelos já existentes, retrabalhados com tinta acrílica pelo artista plástico Ricardo Pinto. Com referências como as obras surrealistas e as pinturas de Monet, ainda foram modificados alguns decotes, mangas e golas. Assim, a Erica Rosa reutilizou peças de linho, sedas e neoprenes já feitas, deu novo significado aos tecidos e materiais, que se transformaram em exclusivas obras de arte e reformou os modelos, com novos detalhes e recortes.

LEIA TAMBÉM: Influencers aguardam o pós-pandemia