Saúde & Alimentação

Por Wilson Rondó Júnior

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SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Saúde óssea e microbioma intestinal

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Publicado em 23/10/2023 às 09:44

Alterado em 23/10/2023 às 09:46

Cada vez mais os estudos continuam elucidando realmente os mecanismos entre microbioma intestinal e a comunicação com as células ósseas.

Os tecidos do sistema esquelético são intrinsecamente ligados com o intestino e sua flora, assim como vários tecidos de outros órgãos.

As patologias do sistema ósseo, como osteoporose, artrite reumatóide e osteoartrite, estão associadas diretamente com a disbiose do intestino.

Além disso, pacientes com doença inflamatória crônica do intestino tendem a ter maior risco de osteoporose.

Ou seja, o equilíbrio da microbiota intestinal influencia diretamente a homeostase óssea, garantindo a reparação óssea ou não.

Importância do microbioma intestinal nos ossos
Os pesquisadores mostram que essa comunicação entre microbioma e homeostase óssea garante ação dos osteoblastos maior que a ação dos osteoclastos, com isso garantindo boa remodelação óssea.
Ou seja, forma mais osso sólido, do que se rarefaz.

Além disso, a composição da microbiota do intestino impacta na absorção dos nutrientes, promovendo aumento de assimilação de cálcio, magnésio e fósforo, vitais na saúde óssea.

Durante o processo de fermentação, os micróbios intestinais produzem numerosos compostos bioativos, que são importantes para a saúde óssea, como vitaminas do complexo B e vitamina K.

As bactérias intestinais produzem também ácidos graxos de cadeia curta (ácido butirico), importantes na regulação dos osteocitos e massa óssea. Os estudos indicam que esses ácidos graxos inibem a reabsorção óssea através da regulação da diferenciação dos osteoclastos e estimulam a mineralização óssea.

Age também ativando células Treg (potencializadoras de células tronco nos ossos).

Hormônios produzidos no intestino pela presença de bactérias boas, desempenham um papel importante na homeostase e metabolismo ósseo.

Restaurando a microbiota

A primeira medida, sempre é se possível, através da alimentação, evitando-se uma dieta à base de carboidratos refinados e açúcares.

Dar preferência ao consumo de gorduras boas (manteiga, óleo de coco, banha de porco de animais criados a pasto e óleo de oliva) em moderação, assim como as proteínas, além da abundância de vegetais.

Há diversos estudos mostrando que a dieta do mediterrâneo tem um ótimo impacto na saúde óssea.

Consuma alimentos fermentados como:

Zenkoô (bebida orgânica fermentada por método natural)
iogurte de leite cru de animais criados a pasto, além de outros lácteos cultivados como queijo e kefir, uma bebida láctea fermentada

chucrute, picles e outros vegetais fermentados

kimchi, natto e kefir

sopa de missô

Probióticos: segundo uma metanálise de 44 estudos, o consumo de probióticos afeta positivamente os parâmetros de saúde óssea, os mais indicados neste caso são os Bifidumbacterium e Lactobacillus.

Prebióticos: o consumo de vegetais e de fibras ricas em Inulina e oligofrutose, presentes em alcachofras, aspargos, cebola e bananas, age alimentando os probióticos para se desenvolverem.


Referências bibliográficas:
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Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357

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