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Crônica de uma trapalhada anunciada 

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O motivo da trapalhada criada, perigosamente, no trajeto do Papa; Galeão-Catedral,vem de longe, desde o governo Collor. Começou quando aquele governo transferiu a subordinação da Polícia Rodoviária Federal, do DNER, para o Ministério da Justiça. Retrocedia, com este ato, mais de meio século. Tirava a policia do trânsito rodoviário, da subordinação e orientação do engenheiro de tráfego rodoviário, do DNER, para os policiais da Policia Federal. Não me consta que haja engenheiros de tráfego na Policia Federal. O erro em encarar o trânsito como problema de polícia, foi corrigido, quando, em 1926, nos Estados Unidos, nasceu a engenharia de tráfego.

Por causa disto, foi mostrado para mim, horrorizado e para o mundo inteiro, pela TV o perigoso engarrafamento que envolveu o carro que transportava o Papa, numa via que jamais deveria ter sido incluída no seu trajeto, a mais importante via de ligação norte-centro, Avenida Getúlio Vargas.

Até hoje, desejoso do sucesso da CET RIO, uma vez que fui seu primeiro presidente, no Governo do Prefeito Marcelo Alencar, telefonei para lá e, recebi, a tranqüilizante notícia de que ela fora alijada daquela “barbeiragem , para o usar o termo popular  para uma má direção de trânsito.

A minha primeira surpresa foi, quando ainda a comitiva Papal, trafegava pela Linha Vermelha, era escoltada por batedores da Policia Rodoviária, fazendo esta escolta numa área de trânsito urbano, muito diferente de sua ação usual, nas rodovias. Acresceu ainda a minha surpresa o fato de que, por feliz acaso,  no dia 10, anterior, da porta do Clube Naval, situado na esquina da Avenida Almirante Barrozo com a Avenida Rio Branco, haver presenciado, numa eficiente ação dos batedores da Aeronáutica, pararem o tráfego oriundo da Avenida Rio Branco, afim permitir o ingresso seguro de uma comitiva que acompanhava uma imagem do Papa, em tamanho natural, num mini caminhão,que entrava na Avenida Rio Branco, oriundo da Avenida Chile, numa evidente operação de treinamento..Eu, distraído , como bom aquariano, quase acenei para o Para saldando-o. Felizmente lembrei-me, a tempo, de que sua Santidade só chegaria dia 22, próximo.

Cabe aqui a minha primeira pergunta: Porquê foi mudada a escolta de batedores, experimentada e eficaz, pela a da Policia Rodoviária, evidentemente não preparada para a importante missão urbana, principalmente de segurança, do ilustre visitante?

Segunda dúvida, Porquê não seguir, como sugerido o melhor  roteiro indicado pela CET Rio?

O mais simples e mais seguro e tranqüilo, seria o de continuar pelo elevado da perimetral,  Impedindo o seu acesso ao tráfego circulante no centro da cidade, pela rampa existente junto à Praça Pio X, seguir por ela até a Avenida General Justo, virar á direita na Avenida Marechal Câmara,virar á esquerda na Avenida Presidente Roosevelt, seguir a sua continuação, pela Avenida Presidente Wilson, cruzar a Praça Paris, em frente à Avenida Rio Branco, passar o Passeio Público,virar á direita rumo a Lapa e, de lá junto aos Arcos, entrar á direita, saindo, “safe and sound”, como dizem os americanos, na Avenida Chile, juntinho da Catedral..Elementar meu caros “Watsons”.

Elementar também, que o tráfego nos cruzamentos, quando ao sair do elevado da Perimetral, a preciosa comitiva iria cruzar, os batedores, que por definição devem caminhar á frente do comboio a ser protegido, deveriam ir fechando-os..O mais curioso é que para este trajeto, apenas seis batedores bastariam, desde que caminhando á frente, o que não se viu sempre na escolta fornecida ao Papa.

Foi com este número que eu,com a responsabilidade de Diretor de Trânsito,em 1970, viajando, numa camionete C 40, do meu policiamento. à frente do carro dos bombeiros que transportava a seleção brasileira de futebol, tri campeã do mundo,que chegava ao Rio, do Galeão, até o hotel Plaza, em Copacabana. Éramos escoltados pelos excelentes batedores do Batalhão Tiradentes, o de trânsito da minha fiel  Policia Militar,do Estado da Guanabara, muito bem orientada pelo seu comandante , com a inestimável cooperação da engenharia do Detran  Não havia a Perimetral, como ela é hoje. Seguimos pela Avenida Brasil, Rodrigues Alves, ambas, áquela hora tinham pouco tráfego no sentido centro e, ao assomarmos a Avenida Rio Branco, seguimos, rumo ás pistas do Aterro, pala faixa”Pista Livre” existente, em aviso pintado numa faixa de rolamento da Rio Branco, a ser obrigatoriamente liberada, pelo tráfego circulante, ao som de qualquer sirene.

Como vêem, tudo é muito fácil desde que, como diz o velho ditado: “Muito ajuda quem não atrapalha” E, pior ainda, não assumindo, humildemente, o erro.