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Atendendo a um "bis" necessário

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O suplemento Barra do jornal O Globo, do último dia 5, com o título “Viaduto Graça Couto na Berlinda”, comentou a justa reivindicação dos moradores daquele bairro, em reabrir o acesso à rua Marquês de São Vicente  através do citado viaduto, hoje fechado. Na edição de 28 de janeiro de 2003, aqui no JB, escrevi o artigo “Atendendo a pedidos”, em que abordava o mesmo assunto e, por isso,julgo de utilidade repeti-lo, ou seja , merece “bis”. Ei-lo:

Moradores da rua Marquês de São Vicente pediram minha opinião sobre a interdição da saída do tráfego que se destina à Gávea e ao Jardim Botânico no final do túnel Zuzu Angel, sentido Barra-Lagoa, temerosos de que venham a reabri-la, mercê das pressões neste sentido.

Em primeiro lugar, o engenheiro inglês J.J. Lenning diz, num de seus livros, que os três Es, na língua inglesa iniciais de Engineering, Enforcement e Education, considerados a base para as soluções do trânsito, serão sempre derrotados pelos três Ps de Pressões, Prejudicados e Política.

Não se esqueçam os temerosos moradores que a interdição foi uma vitória do P de Pressões, embora justas. Agora, seguindo a lei da física de que “a toda ação corresponde uma reação igual e contrária”, começam a atuar os Ps de Pressões e dos Prejudicados.

Vamos às origens: Quando se construiu o elevado da Autoestrada Lagoa –Barra, não existia a ligação pela  rua Mário Ribeiro.Havia um arremedo de rótula para que o tráfego oriundo da Barra atingisse a Lagoa ou a rua Jardim Botânico. A rua Marquês de São Vicente tinha mão única, sentido Praça Sibélius-Gávea até a rua Rubens Berardo.

Neste ponto, o fluxo da esquerda seguia para PUC ou Leblon passando sob a auto estrada Lagoa –Barra e, o fluxo mais à direita seguia para o alto da Gávea. Com a abertura de ligação pela rua Mário Ribeiro, resolveram criar uma nova saída para o Jardim Botânico, desfazendo-se o arremedo de rótula, atraindo um tráfego de passagem indesejável, esquecendo-se de que o trânsito é o terceiro problema social do mundo.

Criaram uma perigosa faixa única, contrariando o sentido do fluxo principal e, ainda, o enorme inconveniente de gerar um sinal de três tempos no cruzamento da rua Rubens Berardo com a Marquês de São Vicente que, com a atual interdição, teve seu volume de tráfego diminuído, e muito.Com o reinício das aulas, os Ps de Pressões e Prejudicados ficarão insuportáveis.

Para que não se restabeleça “tudo como dantes no quartel de Abrantes”, por ser o problema a saída da rua Marquês de São Vicente, sentido Lagoa, e não a sua entrada do tráfego oriundo da Barra, basta restabelecer-se a mão única que antes existia e no mesmo trecho, eliminando o acesso ao Jardim Botânico, e o seu tráfego indesejável.

O tráfego na rua Marquês de São Vicente, oriundo do Viaduto Graça Couto, será restrito aos seus moradores, aos que se destinam à clínica São Vicente e aos que se destinam à PUC.

Aqueles que insistirem em acessar o Jardim Botânico usando a rua Marquês de São Vicente, verificarão que não compensa, devido ao enorme aumento do percurso para atingirem seu destino, muito maior do que o tráfego direto pela Avenida Visconde de Albuquerque, como agora acontece, com a interdição em discussão e é o propósito principal dos moradores que, agora, pediram a minha opinião. Muito simples, para quem sabe...

Aos atuais defensores da abertura, aqui plenamente justificada, com uma solução atendendo a “gregos e troianos”, aconselho, caso seja vetada pelo prefeito, por razões de vontade política, lembrem a ele, que o número de eleitores da Barra é muito maior do que o dos moradores da rua Marquês de São Vicente. Neste ponto juntamos ao P de Pressões, o P que faltava, o da Política. A escolha é do prefeito.