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Polícia apresenta homem que vendeu arma para atirador de Realengo

"Se eu adivinhasse o que ia acontecer, não teria feito isso", diz o segurança

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O segurança Manuel Freitas Louvise, 57 anos, confessou nesta quinta-feira ter vendido o revólver calibre 38 usado por Wellington Menezes de Oliveira no assassinato de 12 alunos da Escola Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. Preso nesta manhã em sua casa, em Nova Iguaçu, Louvise se disse arrependido da venda.

"Eu precisava de dinheiro para consertar um carro velho. É uma tristeza muito grande. Se eu adivinhasse o que ia acontecer, não teria feito isso", afirmou.

A outra arma utilizada por Wellington no ataque, um revólver calibre 32, foi comprada de Izaías de Souza e Charleston Souza de Lucena, presos no último fim de semana.

Manuel trabalhava no abatedouro, situado na Estrada Teixeira, e foi colega de trabalho de Wellington. Em depoimento, Louvise disse que entregou ao jovem, em setembro de 2010, o revólver e 60 cápsulas, pelo preço de R$ 1.200.

Apesar da numeração da arma sido raspada, a polícia conseguiu identificar o registro após perícia metalográfica, que permitiu que as autoridades chegassem até o endereço do segurança. Ele responderá pelo crime de comércio ilegal de armas e acessórios, cuja pena prevista é de quatro a oito anos de prisão.

Para a Delegacia de Homicídios, as investigações sobre o massacre em Realengo estão praticamente encerradas. Segundo o delegado Felipe Ettore, os relatos de pessoas próximas a Wellington confirmaram que ele sofria de problemas mentais.

Atentado

Wellington matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e, segundo a polícia, se suicidou logo após o atentado. O atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.

Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola quando foi acionado. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.

Vídeo

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou na tarde de quarta-feira um vídeo,gravado em julho de 2010, no qual Wellington aparece lendo um texto, com os supostos motivos que o levaram a realizar o massacre. Na gravação, de cerca de 1 minuto, ele diz que "os falsos descobrirão quem sou de uma maneira mais radical".

Veja:

Nas imagens, o atirador aparece sentado em uma poltrona e lê o texto para a câmera. Tudo indica que ele mesmo produziu o vídeo, sem a ajuda de outra pessoa. Nas imagens, ele aparece com a barba por fazer.

O material foi encontrado em um disco rígido de computador na casa do atirador em Sepetiba, na zona oeste da cidade. Os policiais informaram que o vídeo é o único dado interessante para a investigação encontrado nesse disco rígido. Entretanto, a análise do material ainda não acabou.