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Conversando com a pianista Monique Aragão

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 O Conversando.com de hoje é com a pianista Monique Aragão,uma das mais completas artistas, muito premiada e professora de interpretação e técnica vocal nos programas FAMA, FAMA BIS,em 2002, e FAMA III em 2004 da Rede Globo de Televisão. Além de toda essa experiência nossa convidada é uma linda mulher, batalhadora e muito talentosa.Vamos conhecer mais sobre a trajetória de Monique. 

Monique você é uma excelente pianista, compositora, arranjadora e uma excelente professora de interpretação e técnica vocal sendo talentosa em todos esses predicados,fato raro aliás. Em qual atividade você se sente mais realizada?

Em primeiro lugar, muito obrigada por acolher generosamente os frutos de meu trabalho. Na verdade, todas essas faces não passam de diferentes tipos de expressão de uma mesma fonte. A arte é uma energia criadora e, no meu caso, ela se utilizou do meu aprofundamento no estudo do piano para se expressar em minhas composições e, posteriormente, através da observação das obras dos grandes mestres, em minhas atividades como arranjadora. Comecei a dar aulas de piano muito cedo, aos dezesseis anos e, além de descobrir um imenso prazer nesse trabalho, foi ele quem me sustentou integralmente a partir da morte de meu pai, exatamente um ano depois. Mas ensinar, para mim, é muito mais que um simples trabalho. É uma ferramenta muito profunda de relacionamento,de troca,de engrandecimento

mútuo.Tenho a mesma sensação em relação às diferentes etapas dos processos de criação, mesmo que isso só se evidencie na performance em público. Porém, todo o processo de composição, arranjo e de estudo que precede uma apresentação, contêm em si as sementes do autoconhecimento e autoaprimoramento para que se possa oferecer, onde antes não havia nada, o melhor do artista em troca do melhor do público. Difícil dizer em qual atividade me sinto mais realizada. Talvez, minha realização esteja ao longo de cada etapa desse processo de criar, aprimorar, dar, receber e começar tudo de novo.

Além de sua discografia autoral, trilhas originais, você escreveu um livro "Música, Mente, Corpo e Alma" pela Editora Rocco,em 2011. Como você define esse seu lado?

Esse livro me ensinou muitas coisas. Uma delas é que corpo, mente e alma têm sua maneira particular de percepção do mundo e de expressão de si mesmos. Cada um desses planos de expressão também tem suas necessidades específicas de alimentação, apesar de fazerem parte de um mesmo organismo. Durante os oito anos em que me dediquei à construção desse livro, sentia uma necessidade profunda de decifrar os mistérios da música e de colocar em palavras, sensações, sentimentos e emoções ligadas aos processos artísticos. Mas não foi nada fácil escrever. Foi um processo muito penoso. Na verdade, essa tarefa, num determinado momento, me pareceu impossível. Se uma simples ideia é dificil de se colcar em palavras, o que dizer de coisas tão subjetivas? As palavras podem aprisionar as ideias em sentidos mesquinhos. É preciso que elas extrapolem seu sentido ordinário para comunicar o indizível. Mas,no longo caminho de erros e acertos, meu próprio texto, humilde e pacientemente, foi me ensinando os mecanismos que poderiam ampliar o sentido ordinário das palavras para que elas, como a música, conseguissem alcançar o simbolismo universal que rompe as barreiras do entendimento. Foi através de minhas próprias necessidades como ser humano (as necessidades de satisfacão do corpo, da mente e da alma) que meus textos encontraram contentamento em sua forma, conteúdo e emoção. Definir esse meu lado? Essa é uma parte de mim que está pedindo para ser ouvida nesse momento. Uma parte que necessita de desenvolvimento para que possa se expressar adequadamente. Uma parte de mim que será importante no equilíbrio de minha individualidade para contribuir, da melhor maneira, em prol do imenso organismo do qual eu faço parte.

Planos para o futuro? Quais são?

Me baseei em minhas experiências como artista e professora para criar o livro “Música, Mente, Corpo e Alma” e é interessante perceber que agora é meu trabalho que se baseia nele. Volta e meia me pego consultando algum capítulo ou alguma maneira de dizer certas coisas. É também em seu nome que tenho promovido oficinas de interpretação que espero levar para toda parte. Difundir essas ideias é um de meus planos para um futuro bem imediato. Tenho, também, um novo livro, à espera de editora. É mais um grande desafio que se chama “Eu, a criança e o demônio”. Esse também não foi nada fácil e já estou há uns bons cinco anos nessa empreitada. Apesar de se apresentar em forma de ficção, percebi que ele também procura decifrar mistérios: os mistérios da psique e seus inúmeros personagens; mistérios dos sonhos, desejos, pensamentos, premonições e de tudo aquilo que não existe.   Não gosto muito de falar sobre planos que ainda não se confirmaram mas posso dizer que tenho muitos desejos. Por conta de toda essa dedicação ao mundo das palavras, distraída, minha agenda de shows e apresentações nos anos anteriores ficou um pouco de lado, coincidindo com a brusca diminuição dos espaços para apresentações de música no Rio de Janeiro. Mas estou voltando a me dedicar aos assuntos musicais com muitos desejos e promessas para 2015. Várias composições inéditas também aguardam gravações à sua altura. Um novo disco já me chama e tenho pensado muito nele. Tavez já esteja na hora.

Muito obrigada pela conversa,Monique Aragão.