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Pianista Nelson Freire recebe o título de doutor honoris causa da UFRJ

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O pianista Nelson Freire foi agraciado, na quinta-feira (15/09), com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A sessão foi presidida pelo vice-reitor da UFRJ, Antonio Ledo, e teve lugar no Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música.

O artista entrou no local trazido por um grupo de quatro professores da Escola, e chegou até o palco, onde foi realizada a cerimônia, muito aplaudido. O Hino Nacional foi executado em clima de grande emoção pela Orquestra Sinfônica da Escola de Música, sob a batuta do maestro Ernani Aguiar. A mesa de honra estava composta por Antonio Ledo, a professora Flora Faria, decana do Centro de Letras e Artes; pelo professor André Cardoso, diretor da Escola de Música; pelo professor Alexandre Rachid, chefe do Departamento de Piano da instituição,  e pela professora e empresária Myrian Dauelsberg.

A saudação ao futuro doutor foi feita por Myrian Dauelsberg, que delineou um mosaico da vida de Nelson, desde seu nascimento até a atualidade, fazendo alusões aos vários pontos de salvação de sua vida. O menino tímido de Boa Esperança, Minas Gerais, que era muito alérgico, ganhou, já adolescente, uma bolsa do governo brasileiro, concedida pelo presidente Juscelino Kubitschek para ficar um período curto na Europa. 

Depois de algumas idas e vindas, aconteceu o grande e decisivo encontro de sua vida, com a pianista Marta Argerich, com quem começou a tocar a quatro mãos e a dois pianos, ganhando, portanto, importância e notoriedade necessárias para sua carreira internacional.

O pianista estava, como de costume, muito concentrado, exatamente como se estivesse tocando em um recital ou mesmo um concerto com orquestra. Ele apesar de estar aparentemente calmo, na verdade estava gelado, petrificado com a necessidade de ter que agradecer falando em público, algo ao qual Freire tem verdadeiro horror. Ele mesmo confidenciou que estava mais nervoso do quando toca os dois concertos de J.Brahms em uma noite. A título de informação, os referidos concertos são tidos como dos mais difíceis na literatura do piano. Nelson Freire nem piscava, fixando seus olhos no horizonte, como um ponto de apoio.

Chegou a hora da fala do pianista, que discursou sentado na mesa de honra, expressando que tudo o que faz é movido pelo coração e com o coração. Disse ainda que adora as praias da cidade e que, mesmo trabalhando em várias partes do mundo, é no Rio que se recompõe e alimenta suas energias quando chega de sua inúmeras viagens.

Após seu breve discurso, Nelson Freire ficou visivelmente aliviado. Falou pouquíssimo, mas muito bem, conseguindo chegar ao final com a tranquilidade nas suas palavras, a mesma com que começa a quarta Balada de Chopin.

Foram poucas as pessoas do meio musical do Rio, porém expressivas como o adido cultural da Embaixada de Portugal, o pianista Adriano Jordão, o maestro Marlos Nobre, que é Doutor Honoris Causa da UFPE, a viúva do compositor Francisco Mignone, pianista Maria Josephina Mignone, a pianista Sonia Goulart, o pianista Robert Fuchs, o flautista Eduardo Monteiro, a pianista Fernanda Canaud e a pianista Rosana Martins, entre muitos alunos da Escola de Música. Após a ovação ao grande pianista, seguiram todos para um simpático coquetel.