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O momento é este

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Como já escrevi, fiquei chocado, mas não surpreso, com o escândalo da corrupção na cúpula da direção do transporte de ônibus do Rio, promovido ao transporte mais importante com a retirada dos bondes pelo governo Carlos Lacerda.

Nos sete anos, em dois períodos, em que fui o diretor de Trânsito, convivi com esta máfia existindo entre nós. Mas tratando do momento atual em face da desmoralização da classe dirigente deste importante setor do trânsito de qualquer cidade, é a hora da sua reformulação em benefício do povo que o utiliza.

Começaram errado, tornado os antigos donos dos terríveis “lotações” (hoje vans), em donos de empresa de ônibus, com o propósito do lucro, contrariando a filosofia dos países do Primeiro Mundo, em que o transporte público não é para dar lucro material, mas sim social, dando conforto aos seus transportado, apostando no seu rendimento de trabalho e apoio político. Foi assim que aprendi com os mestres de lá, onde estudei e me qualifiquei para encarar o difícil problema da administração do trânsito urbano, conseguindo me aposentar do serviço público com reputação ilibada e respeito técnico. É agora a oportunidade do competente e correto secretário Municipal de Transportes implantar um serviço decente, imune à corrupção e que atenda ao conforto e interesse do público usuário.

Como já escrevi, transformar os desmoralizados empresários em arrendatários, ao invés de concessionários, alugando seus ônibus ao Poder Público, a um preço de consenso por quilômetro rodado, em linhas planejadas por seus técnicos ou contratados, face da necessária competência técnica para fazê-lo, deixando a operação e os motoristas que os conduzirá a cargo do Poder Municipal. Estaremos resguardando o bolso dos usuários e evitando greves, ou pior, o “lock out”no setor. O fato dos motoristas serem funcionários do Poder Municipal  os fará, para satisfação deles, irem à forra das precárias condições de trabalho atual, tornado-os em autênticos fiscais do estado de conservação dos veículos alugados.

A verba para se alcançar este ousado projeto virá da adoção do sistema URV, capaz de gerar recursos para pagar o aluguel dos veículos, pagando mais aos refrigerados, e absorver o custo da mão de obra, além de nos dar uma mobilidade urbana invejável.

Esclareço, por necessário, uma vez que algumas vezes falo outra língua para os técnicos com poder de mexer neste vergonhoso sistema que, segundo a opinião abalizada do técnico colombiano, Dom Henrique Peñarosa, a solução depende mais da coragem política do que da competência técnica. E eu acresceria, enfatizado, cívica, de quem deva dirigir esta verdadeira revolução.

No nosso caso, pelo que o conheço e admiro, ao engenheiro Fernando Mac Dowell, nosso secretário Municipal de Transportes, não lhe faltarão as qualidades exigidas para realizá-las, o que me encorajam a levar à CET-RIO, que um dia presidi, tudo o que aqui acabo de confessar.

Que Deus nos proteja e abençoe nesta difícil tarefa.